terça-feira, 22 de setembro de 2015

MARANHENSES VEJAM ISSO....INADIMISSÍVEL



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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

FESTA DE BOI DE TERREIRO NO MARANHÃO



Em 2011 o bumba meu boi foi registrado como patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial, foi registrado na categoria CELEBRAÇÕES, a manifestação é um misto de festa devoção teatro dança musica e fé.
Para além dos circuitos culturais populares a festa do boi está nos terreiros de tradição afro-brasileira. São os "bois de encantado" estes também compõe o complexo cultural registrado a festa traz a comunidade para o universo simbolico e tradicional dos espaços identitários das casas de santopelo viés da cultura os terreiros fomentam a preservação e difusão de suas formas de expressão.



(Babalorixá Pai Airton de Ogun)



(Mourão do Boi na frente do Terreiro)

Ontem, 20.09.2015 o quilombo Bairro da Liberdade em São Luis - MA esteve em festa foi realizado Ritual se morte do Boi Orgulho de Codó do terreiro do Pai Airton com a participaçao do Batalhao do Bairro de Fatina e do Cantor Roberto Ricci.



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

CPI contra intolerância religiosa é reivindicada em audiência





Líderes de candomblé, umbanda e outras expressões religiosas de matriz africana cobraram providências na Comissão de Direitos Humanos (CDH), nesta quarta-feira (16), contra a crescente onda de intolerância religiosa no país. Houve inclusive pedidos para abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar atos de violência contra locais de culto e seguidores de religiões afro-brasileiras.

O primeiro a defender a instalação de uma CPI foi o balorixá Joel de Oxaguiãn, de Planaltina (GO). Antes, ele lembrou que desde 1890, com a fundação da República, o Estado brasileiro passou a ser laico, com garantia de liberdade de religião. No entanto, disse, alguns segmentos estão se esquecendo disso e usando a força, como se tivessem “procuração de Deus”, para tentar impor a todos suas crenças religiosas.

— É preciso uma CPI para que se tomem providências imediatamente, porque estão ficando cada vez mais graves os ataques às nossas religiões — disse Joel de Oxaguiãn.

Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que propôs a audiência, está claro que há no país um clima crescente de intolerância contra diversos credos, mais acentuadamente contra os cultos afro-brasileiros. A seu ver, é preciso "dar um basta” e deixar claro que o país não aceita conviver com expressões de ódio e violência religiosa.

— O que fizemos hoje foi mostrar solidariedade aos que estão sofrendo mais diretamente no momento. Depois, poderão ser judeus, evangélicos ou ateus que sequer vão poder andar nas ruas — disse o senador.

Sobre a possibilidade de uma CPI, salientou em entrevista que não depende apenas dele, mas de pelo menos 27 senadores. De todo modo, adiantou que vai debater o assunto com outros colegas, considerando que poderia ser apropriado abordar a questão de intolerância de modo abrangente, não apenas contra os cultos de matriz africana.
Ocorrências

No entorno do Distrito Federal, dois terreiros já foram atacados nos últimos dias. O episódio mais grave foi em Santo Antônio do Descoberto (GO), onde o templo ficou destruído depois de incêndio criminoso. Em Águas Lindas (GO), homens usaram uma caminhonete para derrubar o portão na entrada do espaço. Na terça-feira (15), os agressores voltaram e atearam fogo. Até agora, ninguém foi preso.

Babazinho de Oxalá, do terreiro em Santo Antonio do Descoberto, contou que um mês antes os criminosos já haviam invadido o espaço, quando quebraram tudo.

Foi ainda lembrado, entre outros casos, o da menina Kayllane Campos, 11 anos, vítima de agressão no Rio de Janeiro, em junho. Vestida com a indumentária de culto, ele voltava para casa depois de participar de um culto de candomblé quando foi atingida com uma pedrada na cabeça. Depois disso, líderes religiosos realizaram na capital fluminense um ato contra a intolerância religiosa e em apoio à menina.

Adna Santos de Araújo, também conhecida como Mãe Baiana, que representava a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, informou que o órgão já recebeu registros de 218 denúncias de atos de violência contra espaços de culto de religiões de matriz africana.

Segundo ela, a procuradoria da secretaria está acompanhando todas as ocorrências, buscando garantir que sejam apuradas e os responsáveis punidos. A seu ver, os atos não são apenas de violência, mas também denotam racismo e devem ser enquadrados legalmente desse modo, como crime inafiançável.
Cantos e tambores

A audiência foi marcada pelos sons de tambores e cânticos dedicados aos orixás nas cerimônias nos terreiros. Antes de sua manifestação, a Mãe Railda Rocha Pitta, de Brasília, acompanhada pela plateia formada de “povo de santo”, entoou a saudação a Xangô, que tem nas quartas-feiras o seu dia. Contou sua história e propôs reflexões sobre a tolerância, sempre citando simbologias relacionadas às divindades do candomblé.

— É preciso mudar este cenário de ódio para uma realidade de amor. Aprendam com Oxum, a deusa das águas doces e a maior expressão de amor: é preciso que a vida seja doce como mel e vivificante como a água, que é essencial para a nossa existência — afirmou.

O senador Paulo Paim (PT-RS), que preside a CDH, antes de passar o comando dos trabalhos a Cristovam, observou que o natural seria cada brasileiro estar tranquilo e em paz para praticar a religião escolhida, qualquer que seja. No entanto, diante dos casos de intolerância, disse que não adianta apenas “chorar sobre o sangue derramado”, mas estimular o debate e fortalecer o respeito à diversidade.

— A liberdade de culto e religião é cláusula pétrea da nossa Constituição. É necessário defender o direito de todos a manter sua identidade e as suas raízes — reforçou.

Na visão do Babá Adailton Moreira Costa, do Rio de Janeiro, hoje é necessário falar não apenas em “tolerância”, a seu ver uma palavra que está “em cima do muro”. Antes de tudo, disse ele, deve haver respeito à tradição religiosa de cada um. Para o líder religioso, a violência de cunho religioso ocupa o mesmo contexto do racismo, da homofobia e da violência sexual e de gênero.

Com emoção, outro babalorixá presente à audiência, Pecê de Oxumaré, de quem partiu a sugestão da audiência ao senador Cristovam, cobrou respeito ao “povo de santo”, lembrando os que fogem disso negam a Bíblia que dizem seguir.

— Nós temos respeito e amor: respeitamos a natureza, o outro e abrimos nossas portas sem perguntar quem está chegando e sem pedir antecedentes criminais. Para qualquer um que chegar, a porta estará sempre aberta — disse.
Ecumenismo

O frei David Santos, da Educafro, entidade que luta contra o racismo e desigualdade social, informou que estava ali como representante de uma entidade que cultua o ecumenismo. Celebrou a presença do Papa Francisco à frente da Igreja, salientando que o líder católico levou adiante o compromisso com o diálogo interreligioso. Depois, o frei criticou a postura de segmentos evangélicos que estimulam o preconceito contra religiões de matriz africana. A postura desses grupos não representam verdadeiramente os evangélicos.

— Essa postura não representa as expressões evangélicas; essas são pessoas desequilibradas que representam pequenos grupos — afirmou.

Pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), Alexandre Brasil Carvalho detalhou as ações e mecanismos do Plano Nacional de Direitos Humanos contra a intolerância Religiosa. Citou o aperfeiçoamento do sistema de ouvidoria e a produção de relatórios sobre casos de intolerância e preconceito. Outra ação é estimular fóruns permanentes de dialógo interreligoso nos estados e municípios, hoje já existindo sete organizações do tipo em todo o país.
Reivindicações

Além da proposta para a instalação da CPI, os participantes da audiência apresentaram outros pedidos à comissão, como um apelo para envio de carta ao governador de Goiás, Marconi Perillo. A intenção é pedir providências para que sejam investigados os ataques a terreiros nas cidades goianas no entorno do DF.

Foi também solicitada negociação com o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, para que estenda aos terreiros as garantias de concessão de áreas, como já é feito em favor de outras religiões, para que edifiquem seus templos. O advogado Bernardo Sukennik sugeriu também que seja solicitado à Ordem dos Advogados do Brasil, no nível nacional e DF, a criação da Comissão de Liberdade Religiosa.

Os senadores Regina Souza (PT-PI), Omar Aziz (PSD-AM), Hélio José (PSD-DF), Otto Alencar (PSD-BA) e Donizeti Nogueira (PT-TO) manifestaram solidariedade e se colocaram à disposição para apoiar ações contra a intolerância religiosa.

FONTE: http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/09/16/cpi-contra-intolerancia-religiosa-e-reivindicada-em-audiencia

Centro Matroá de Capoeira - Maranhão, homenageia Negro Cosme




Desde 2002, o Centro Matroá de Capoeira homenageia Negro Cosme, nascido em Sobral- CE, no entanto tornou-se célebre no Maranhão, ao liderar uma das maiores insurreições escravas no Brasil.
À frente de mais de três mil quilombolas, Cosme Bento das Chagas, Negro Cosme se apossou de uma grande fazenda - Fazenda Amarela - no Vale do Itapecurú, onde estabeleceu o seu quartel general e lá criou a primeira - pelo menos conhecida - escola popular durante o Império.
Há historiadores que registram, ter havido dois grandes movimentos insurrecionais no Maranhão, concomitantemente, a Revolta Escrava, liderada por Cosme e, a Balaiada.
Tal fato não é à toa, pois sendo os escravos um segmento não reconhecido como pertencente à sociedade, no primeiro momento da Balaiada, os próprios revoltosos resistiram em aliar-se a Cosme e seus comandados.
O certo é que Cosme foi um importante líder nessa revolta, que abalou o Império, a ponto do Imperador ter deslocado o Coronel Luis Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que após debelar a Revolta foi alçado ao título de Barão.
Ressalte-se, que somente com a prisão de Cosme, no lugar conhecido por Calabouço. a Balaiada deu-se como definitivamente encerrada. Foi o único líder a ser, oficialmente, condenado à morte, por enforcamento, o que ocorreu em Itapecurú-Mirim, sem registro preciso, pois há dúvida se no dia 19 ou 20 de setembro de 1842.
O certo é que esse cearense, que adotou o Maranhão como seu campo de combate contra a injustiça e a covardia do sistema escravocrata - ao que parece Cosme era um revolucionário nato, pois em Sobral teria provocado uma revolta - comandou uma revolta na Freguesia de Codó, antes de seu maior e mais famoso levante.



Em razão da história e da importância desse grande brasileiro, à semelhança de Zumbi e outros tantos heróis anônimos, o Centro Matroá promove essa Homenagem, como forma de contribuir para a Memória do Povo Maranhense, em que homens do povo foram capazes de produzirem grandes feitos, frente a uma sociedade mesquinha, preconceituosa e elitista, insensível a qualquer cuidado, para com a população.

Por Marco Aurélio Haikel

PONTO DE CULTURA ARTE CIDADE DE ESPERANTINÓPOLES



O Município de Esperantinópoles no Estado do Maranhão está situado na Mesorregião Centro Maranhense e na Microrregião do Médio Mearim. O município se estende por 480,9 km² e contava com 18 456 habitantes no último censo. A densidade demográfica é de 38,4 habitantes por km² no território do município.
Vizinho dos municípios de Joselândia, Poção de Pedras i São José dos Basílios, Esperantinópolis se situa a 34 km a Sul-Oeste de Pedreiras a maior cidade nos arredores.
Ali se instalou o PONTO DE CULTURA ARTE CIDADE ESPERANTINÓPOLES a partir do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura que tem como objetivo implantar por todo o país centros de promoção de cultura para produção, difusão e divulgação da diversidade de expressões artísticas em todas as linguagens por todo o território nacional.

O Ponto de Cultura ARTE CIDADE ESPERANTINÓPOLES surge em consequência de êxitos de atividades associativas da Associação Movimento Artístico Esperantinópoles que já faz história de desenvolvimento cultural desde 1982.

O Ponto de Cultura ARTE CIDADE ESPERANTINÓPOLES atua no segmento de cultura popular, envolvendo dança, religiosidade, música entre outras linguagens. O Ponto de cultura apoia diversos grupos de artistas além de manter parcerias de forma colaborativa com bandas musicais, escolas igrejas, sindicatos e com a Academia Esperantinopolense de Letras.

Com a instalação do ponto verificou-se mudanças significativas na comunidade:
Educacionais - formação para crianças e jovens em áreas de vulnerabilidade social;

Profissionais - muitos artistas se profissionalizam com as oficinas de capacitação e produção artística;

Entre as principais atividades realizada se destacam:
Oficinas de multimídia
Oficinas de música, canto e dança;
Incentivo à permanência do Grupo "Roda de Pote"
Realização de conferências e seminários;
Festival de Arte Popular 2013
Seminário de Leituras Maranhenses - 2014
II Seminário de Cultura Popular 2015


Para João colaborador do Ponto o programa hoje gera dificuldades para continuidade. A cultura não é levada a sério pelas instâncias governamentais principalmente a cultura popular. O povo faz as suas brincadeiras, lutam por espaços, respeito pelo que fazem quase Sempre ignorados, mas explorados.
As autoridades não valorizam, Não acham importante a cultura do povo. As tradições vão morrendo assim como a força de lutar. É necessário que se tome posições através de ações conjuntas que venham fortalecer as lutas para que se obtenha conquistas nesse sentido. Os pontos de cultura mesmo com dificuldades tem dado visibilidade no que se refere ao resgate de muitas brincadeiras, quase esquecidas, hoje revitalizadas.



Para Graça Lima coordenadora do Ponto considera que a Secretaria de Estado da Cultura atue junto às Prefeituras Municipais no sentido de uma democratização da cultura. Que se realizem políticas publicas com todos e para todos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

TAMBOR DE CRIOULA NA ESCOLA: Uma Pungada Pedagógica



Desde 2007 o Tambor de Crioula do Maranhão recebeu o Título de Patrimônio Cultural Brasileiro. A partir do Decreto Federal 3.551/2000 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional vem realizando o processo de patrimoniliazação de bens culturais imateriais.
Um bem cultural conserva a história e a memória de um povo. Sejam monumentos em praças, construções e edificações como igrejas antigas. Nessa categoria, onde os bens citados como exemplo são visíveis e poder ser tocados e apreciados por todos os sentidos, constitui então em um bem cultural material.
A preservação desse patrimônio vem sendo realizada pelo Governo Federal desde a década de 1930, e o instrumento para essa preservação é o TOMBAMENTO. Desta forma apenas bens materiais são tombados. As principais ações de preservação - salvaguarda - de bens materiais é a restauração e preservação.

Como vimos no início do texto só em 2000 outras categorias de bens passaram a constituir-se como alvo de preservação. Aqui no caso são os bens culturais de natureza imaterial que também estão impregnados de história, memória e tradição de um povo. São danças, canto, modos de produção artesanal, lugares identitários à uma cultura ou crença. É nesse grupo que está o tambor de crioula do Maranhão.



Dia 06 de setembro, em São Luis do Maranhão é comemorado o DIA MUNICIPAL DO TAMBOR DE CRIOULA PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL de natureza imaterial. Em 2015 o Comitê Gestor da Salvaguarda do Tambor de Crioula, coletivo responsável pelo monitoramento e assessoramento de implantação da política no Maranhão, realizou o projeto TAMBOR DE CRIOULA DO MARANHÃO: Uma Pungada Pedagógica para comemorar a data.



O objetivo é subsidiar a aplicação da Lei 11.645/08 regulamenta a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena em todos os níveis de ensino. Para tanto realizou parceria com escolas municipais em 3 eixos: palestra sobre a patrimonilização do tambor e suas implicações, oficina prática sobre os saberes e fazeres do tambor de crioula e apresentação de grupos formais de tambor de crioula nos espaços das escolas.









No bairro da Liberdade, área periférica da cidade, a escola escolhida foi UEB Mário Andreazza que recebeu o a ção com projeto pedagógico próprio que foi desde a sensibilização pelos professores bem como ambientação com elementos simbólicos que fortalecem a identidade da manifestação.

De fato o Comitê Gestor da Salvaguarda aplica os mecanismos de salvaguarda de bens registrados de natureza imaterial: visibilidade, transmissão de saberes, difusão da manifestação e diálogo inter-geracional.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

DIA MUNICIPAL DO TAMBOR DE CRIOULA 2015




Comitê Gestor comemora o Dia Municipal do Tambor de Crioula

Uma programação envolvendo escolas municipais de educação básica de São Luis vai marcar as comemorações do Dia Municipal do Tambor de Crioula, nos dias 02 e 03 de setembro. A programação foi proposta pelo Comitê Gestor da Salvaguarda do Tambor de Crioula, com o apoio da Fundação Municipal de Cultura de São Luís (Func).
O evento será realizado em duas das cinco áreas de ocorrência do Tambor de Crioula mapeadas durante o processo de inventário de bens culturais realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN que culminou no registro como Patrimônio Cultural Brasileiro de natureza imaterial em 2007.
Entende-se por patrimônio cultural imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas -junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados- que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
O registro inicia o processo de salvaguarda que consiste em um conjunto de medidas que visam garantir a viabilidade do patrimônio cultural imaterial, tais como a identificação, a documentação, a investigação, a preservação, a proteção, a promoção, a valorização, a transmissão - essencialmente por meio da educação formal e não-formal - e revitalização deste patrimônio em seus diversos aspectos.

Neste sentido, para este ano, o Comitê Gestor da Salvaguarda do Tambor de Crioula pretende fomentar a prática do tambor de crioula como veículo para subsidiar a implementação da Lei 10.639/03 que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira na educação básica com o projeto TAMBOR DE CRIOULA: Uma Pungada Pedagógica.

Programação:
Dia: 02/09/2015
Local: UEB Gomes de Sousa – Vila Maranhão
Turno: vespertino
Atividade:
Oficina sobre o Tambor de Crioula (Teórica)
Oficina sobre o Tambor de Crioula (Prática)
Apresentação do grupo de Tambor de Crioula: Tambor de Crioula Tijupá / Tambor de Crioula Unidos de São Benedito

Dia: 03/09/2015
Local: UEB Escola Mario Andreazza/ Liberdade
Turno: vespertino
Atividade:
Oficina sobre o Tambor de Crioula (Teórica)
Oficina sobre o Tambor de Crioula (Prática)
Apresentação do grupo de Tambor de Crioula: Tambor de Crioula Sandália de São Benedito de Maria Seguins / Tambor de Crioula de Claudionor
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Para o coordenador geral do Comitê Gestor, Neto de Azile, o Dia Municipal do Tambor de Crioula, que é comemorado dia 06 de setembro, representa um momento de valorização da manifestação na cidade onde foi iniciado o processo de registro e precisa ser visibilizado já que o título de Patrimônio Cultura Nacional é o reconhecimento da manifestação para a História e Memória Nacional. A presença do Tambor de Crioula nas escolas obedece as diretrizes básicas do Política Nacional de Patrimônio Imaterial que é o “diálogo entre gerações” como fomento a continuidade e transmissão de saberes, dirimindo preconceitos e valorizando a identidade. É uma ponte entre o passado – tradição – e o futuro – a continuidade, através do presente – a prática, finaliza.


sexta-feira, 24 de julho de 2015

MARANHÃO COMPÕE GT NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIOCULTURAL DE POVOS TRADICIONAIS , POVOS ORIGINÁRIOS E POVOS PERIFÉRICOS



Realizada nos dias 17 e 18 de junho de 2015 em dois Terreiros Matrizes do Tambor de mina do Maranhão - Casa das Minas e Casa de Nagô - sendomais uma etapa da Oficina Nacional de Participação sociocultural de povos tradicionais, povos originários e povos periféricos em São Luis.




A oficina é resultado da articulação do Colegiado Nacional de Matriz Africana da Comissão nacional de Pontos de Cultura - CNPDC. A oficna foi ministrada por Pai Aderbal Ashogun membro da CNPDC e do GT Nacional de Participação Sociocultural de Povos Tradicionais, Originários e Periféricos. Entende-se por:
Povos Tradicionais todas as comunidades que tem sua organização social. econômica e política fundamentadas na tradição, ancestralidade e territorialidade, que neste caso, são representados pelos Povos e comunidades Tradicionais de Matriz Africana - Povos Tradicionais de Terreiros;
Povos Originários refere-se aos Povos Indígenas;
e Povos Periféricos - comunidades que ocupam os territórios periféricos das grandes centros urbanos que apesar da vulnerabilidade e invisibilidade por parte do poder público tem um expressivo acervo de formas de expressão idiossincráticas: hip hop, estreet, grafite e outras formas de intervenção.
Segundo Pai Aferbal o objetivo da oficina foi construir um grupo de trabalho com estas comunidades para fortalecimento e participação qualificada nos espaços de decisão em busca da garantia de direitos hiistoricamente negados

Oficina de regularização civil e fundiária de comunidades tradicionais de matriz africana Itaqui Bacanga.




FERMA/CEN e Fundação Josué Montello -Oficina de regularização civil e fundiária de comunidades tradicionais de matriz africana Itaqui Bacanga. Promotor Dr Carlos Eduardo DPU, Promotora Dra Gleisiane DPE. Promotor Dr Tarciso Bonfim PROMOTORIA DE ONG'S.

No último dia 09 de julho as comunidades tradicionais de matriz africana - comunidades de terreiro - da área Itaqui / Bacanga em São Luis do Maranhão, participaram de oficina sobre regularização de suas espaços sagrados, os terreiros,em vista de combate a intolerância religiosa e garantia de direitos.
Entre os temas desenvolvidos pelos representantes do judiciário discutiu-se sobre a regulamentação fundiária e os benefícios do formalização destes espaços enquanto personalidades jurídicas.
Muitas questões foram levantadas pelos sacerdotes e sacerdotisas presentes, como o fato de recorrentes agressões durante os cultos principalmente vindos de cristãos protestantes.
A tradição afrobrasileira é marcada pela sonoridade, pelo canto e toque dos tambores sagrados, imprescindíveis para o rito. Tão expressividade é considerada por esses "novos" vizinhos como perturbação da paz. Como consequência, o braço armado do Estado, a polícia entra em cena de forma truculenta, agressiva e violenta para acabar com o barulho, ferindo os marcos legais que garantes a liberdade religiosa neste país. Disse o professor Neto de Azile, pesquisador da cultura afro-brasileira, facilitador da oficina.
A oficina é uma foi uma iniciativa da Fundação Josué Montelo, com o projeto de Valorização dos Terreiros em execução desde 2015.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

FESTA DE SÃO MARÇAL CORRE SÉRIO RISCO DE NÃO SER REALIZADA ESTE ANO



São inúmeros os impasses no âmbito da Secretaria Estadual de Cultura na atual gestão, observados desde o rompimento da atual secretária com a deputada que a indicou para o cargo, os desentendimentos no período carnavalesco, passando pela situação de descaso com os teatros mantidos pelo poder estadual, a falta de transparência na realização do III Fórum Estadual de Cultura, apontada pelos membros do COMCULT SLZ, até o tratamento constrangedor dado a alguns servidores em eventos públicos. O descaso com o Festejo de São Marçal, parece ser a cereja do bolo no percurso de autoritarismo e insensibilidade da gestora com a cultura popular, que não levou em conta o histórico do evento, situado no bairro que ela tanto conhece, e onde a saudosa folclorista Lili Sá Marques foi tão respeitada e amada. Veja comunicado emitido pela Diretoria do Instituto São Marçal, entidade responsável pela realização do evento.:

COMUNICADO:

SÃO MARÇAL CORRE SÉRIO RISCO DE NÃO SER REALIZADA ESTE ANO

O tradicional Encontro de grupos de bumba-meu-boi de matraca, que ocorre todo ano no dia 30 de junho no bairro do João Paulo, Patrimônio Imaterial de São Luís e integrante do Complexo Folclórico do Bumba-meu-boi do Maranhão, Patrimônio Cultural do Brasil, poderá não acontecer este ano.

Por falta de sensibilidade da Secretária de Estado da Cultura, senhora Esther Marques que, apesar dos dirigentes do Instituto São Marçal de Cultura e Desenvolvimento Social e do Grupo Ação Voluntária, responsáveis pela organização da Festa de São Marçal terem encaminhado ofício desde o mês de março solicitando audiência, nunca atendeu à solicitação que visava fortalecer a parceria com o Governo do Estado e debater as demandas mínimas necessárias para complementar a estrutura de apoio aos grupos folclóricos, ao público e aos órgãos parceiros.

Após várias tentativas os dirigentes foram recebidos pelo Superintendente de Difusão Cultural que informou o restrito apoio da Secretaria de Estado da Cultura, cujo valor não cobre as despesas com troféus, com caldo de feijão e com os lanches fornecidos aos brincantes dos grupos e aos membros dos órgãos e corporações que trabalham para garantir toda a segurança durante o dia 30, dentre eles, policiais militares, bombeiros militares e agentes de trânsito que também recebem água mineral gelada já garantida com parceira de uma empresa privada.

Na tarde de hoje (23/06) foi feita nova tentativa de reverter a situação, porém foi mantida a decisão anterior. Diante disso foi realizada uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Instituto São Marçal, com a participação dos conselheiros Hélio Braga, Raimundo Morais, Paulo de Tasso, Gilson Pacheco e Lucia Costa que tomou a seguinte decisão: Se não houver mudança de concepção da Secretária Esther Marques, a entidade não se responsabilizará pela realização do 88º Encontro de Bumba-meu-boi de Matraca no João Paulo/Festa de São Marçal.

A coordenação

Sobre os comentários acerca da participação do 24ª Batalhão de Infantaria, a coordenação do evento no escreveu sobre:

O Exército Brasileiro, através do 24º Batalhão de Infantaria Leve tem apoiado irrestritamente a cultura maranhense. No Encontro dos bois de matraca no João Paulo sempre está de prontidão para receber os nossos heróis da cultura e simpatizantes que participam dessa tradicional e grandiosa manifestação popular. O novo Comandante Ten Cel Carlos Frederico de Azevedo Pires recebeu com muito entusiasmo os membros do Instituto São Marçal, Hélio Braga e Raimundo Morais, garantindo a parceria iniciada nas gestões anteriores reforçando o lema Braço Forte, Mão Amiga

A coordenação


Fonte: http://valberlucio.com/2015/06/23/festa-de-sao-marcal-uma-das-mais-tradicionais-dos-festejos-juninos-corre-o-risco-de-nao-acontecer-por-falta-de-apoio-da-secma/

segunda-feira, 22 de junho de 2015

REFERÊNCIA CULTURAL É...


Foto: Márcio Vasconcelos

Referências culturais são as artes, as formas de expressão e os modos de fazer. São as festas e os lugares a que a memória e a vida social atribuem sentido diferenciado: são as consideradas mais belas, mais lembradas, as mais queridas.
São fatos, atividades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam as que estão distantes para que se reviva o sentimento de pertencimento a um grupo e de apropriação de um ligar.
São objeto, práticas e lugares apropriados pela cultura na construção de sentidos e de identidades.
(Neto de Azile - Gestor do Patrimônio Cultural Imaterial)

quinta-feira, 11 de junho de 2015

RACISMO CULTURAL NO MARANHÃO




Patrimônio Cultural Imaterial (Tambor de Crioula) é vetado pela Secretaria de Comunicação do Estado a participar da Reinauguração da Praça Nauro Machado.

Nauro Machado é comumente conhecido como um poeta do povo ligado às tradições culturais do Estado do Maranhão. A praça localizada no centro-histórico que presta homenagem simbólica ao seu nome, e que já foi palco de grandes manifestações culturais será reinaugurada sem a presença do Tambor de Crioula, patrimônio cultural imaterial do Brasil. O que é triste. O fato aconteceu assim, um grupo de Tambor de Crioula, já estava agendando para a grande festa de amanhã (12/06), o que se sabe é que um telefonema vindo de dentro da Secretaria de Comunicação do Estado pediu imediatamente que e SECMA retirasse o grupo cultural e colocasse um show de seresta em seu lugar. Isso gerou um descontentamento e uma curiosidade: quem é está pessoa da Secretaria de Comunicação do Flavio Dino que não gosta de tambor de crioula? Este é mais um fato lamentável que mostra cada vez mais que os segmentos culturais não estão sendo levados a sério no processo de construção da programação do São João 2015. O slogan: “São João de Todos” já nasce desbotado e sem representatividade cultural.

Junior Catatau
Artista Popular, Coreiro, Boieiro. Delegado eleito ao III Fórum Estadual de Cultura do Maranhão. Professor de Filosofia do IFMA.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

FÓRUM MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO LUIS



FÓRUM MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO LUIS

AMANHÃ no hotel ABEVILE 8h 30 será realizado o Fórum Municipal de Cultura que entre outras pautas tem a escolha dos delegados para o Fórum Estadual. No estadual que é ainda este mês sera eleição do NOVO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA. É bom lembrar que já houveram fóruns regionais promovidos pela SECMA por todo o Estado sem publicidade. São Luis inclusive não realizaria sua etapa. Então é o momento de MUDAR esse cenário. Aos que fazem cultura aqui é BOM participar. Não só cultura popular, mas a ERUDITA e TRADICIONAL que há muito não são alvos de políticas publicas de cultura. Nós que não fazemos cultura popular - Teatro Música Terreiro Coletivos Negros Coletivos Urbanos Bibliotecas e outros temos que participar

Amanhã 8h 30 Hotel Abevile no São Francisco. Almoço garantido.

NETO DE AZILE
Geógrafo
Gestor do Patrimônio Imaterial

domingo, 10 de maio de 2015

COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIRO COMO ESPAÇOS DE PRESERVAÇÃO DE MEMÓRIA

COMUNIDADES TRADICIONAIS DE TERREIRO: Espaços de preservação de memória.


QUAL A FUNÇÃO SOCIAL DE UM TERREIRO?

Vivemos numa conjuntura que ao mesmo tempo em que se exerce o direito constitucional de livre expressão da religiosidade e liberdade de culto, considerando o nosso país como um Estado laico os adeptos das religiões de matriz africana vivem a mercê de um massivo projeto de desqualificação, desrespeito, desmoralização, velada ou declarada, por professar seu credo. A todo o momento, têm-se notícias de situações de agressão a nossa religiosidade e discriminação fragilizando a identidade cultural e étnico-religiosa das comunidades tradicionais de terreiro interferindo na autoestima e no sentido de pertença de um povo.
O Tambor de Mina é a denominação no Maranhão para a prática afro-religiosa e exerce influência na musicalidade, na dança, artesanato, culinária, medicina popular, na organização social, ou seja, em todas as dimensões do imaginário popular e religioso do Estado do Maranhão. Na verdade, é a referência de identidade étnico-religiosa de grande parte da população do estado. O fortalecimento desta identidade, do ser, dos modos de fazer tradicionais que pautam o mecanismo de resistência e luta contra a intolerância religiosa é imprescindível no momento em que a modernidade impõe com mais força sua “civilidade”.
O desrespeito as religiões afro-brasileiras resultam do processo histórico de escravidão e hoje é alimentado ignorância no sentido literal, não conhecer o outro e construir um juízo de valor – um pré-conceito.
No dia 23 de abril, em festa em homenagem ao Orixá Ogun conversamos com o Babalorixá Pai Wender de Xangô do Tambor de Mina do Maranhão.

Segundo o Babalorixá Pai Wender de Xangô do Ilê Axé Obá Izo, Terreiro de Mina do Rei do Fogo, situado no bairro da Liberdade, os ~Terreiros são espaços tradicionais de resistência que vão além da realização do culto.


“”A função dos terreiros é de desconstruir a ideia de negatividade que as pessoas e a própria mídia mostra continuamente nas nos programas neopentecostais de televisão. Sendo a Liberdade um bairro periférico, e baixos índices educacionais e elevados índices de violência os terreiros se apresentam então como espaços religiosos que contextualizam a vida em várias dimensões: histórica, política social oferecendo a esta comunidade uma referência com modelos de convivência baseada em respeito hierárquico, responsabilidade com o outro, de ajuda mutua e integridade de caráter” afirmou.
Pai Wender de Xangô diz ainda que “os terreiros são lugares de práticas pedagógicas, espaços de desenvolvimento saberes e fazeres baseados na cidadania e luta contra qualquer forma de discriminação e preconceito, fomentando valores éticos e morais. Se apresentam ainda como alternativas de serviços de saúde, aconselhamento, de assistência social mesmo, baseado no legado ancestral de proteção à vida.
É somar com a comunidade na redução e prevenção da violência quando inclui jovens em risco social para dentro da vivência colaborativa e acolhimento. Esse resgate se dá pelo trabalho de mostrar a importância da religião como veículo de transformação social pois reafirma a importância do legado da cultura negra na construção desse país. “
“Ter uma casa de santo na Liberdade é um desafio já que vai de encontro a lógica racista e preconceituosa da sociedade quando inclui a comunidade em suas atividades, bem como o inverso, vai também a comunidade para conhecer e integrar-se” finalizou.


Ainda da Festa em comemoração a Ogun no Terreiro do Pai Wender entrevistamos que trabalha os Terreiros como ESPAÇOS DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA o que contribui para ampliar o entendimento sobre a importância destes espaços para a sociedade e para a história e memória do pais o que fortalece a luta contra o desrespeito, preconceito, pilares da INTOLERÂNCIA RELIGIOSA que sofrem estas comunidades.


O Pr. Dr. Greilson José de Lima é Antropólogo, graduado em Ciências Sociais, Doutor e Mestre em Antropologia (UFPE) com um estágio Pós-Doutoral em Sociologia (UFPB) e outro em Antropologia (UFPE). Hoje é Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Maranhão e Coordenador do grupo de pesquisa: Núcleo de performance, memória e religiosidades.

MATRIZES - QUAL A IMPORTÂNCIA DA VISÃO DOS TERREIROS COMO ESPAÇOS DE MEMÓRIA VIVA?
Resposta - Segundo Fonseca (2003), as pesquisas históricas têm constatado, no caso particular do Rio de Janeiro, que esta cidade na primeira metade do século XIX, foi quase africana, porém isto não ficou registrado nos bens que ali são identificados como patrimônio cultural brasileiro. E, o que fica latente, é que a política patrimonial tem sido conservadora e elitista e, na maioria das vezes seus critérios privilegiam bens dos grupos sociais de tradição europeia, que no caso brasileiro, correspondem as classes sociais mais abastadas.
Os terreiros são espaços de memória e toda memória é viva, o que marca a noção de memória é seu caráter atual e agregado a um coletivo que se reinventa. A questão é a representação dessa memória frente ou que o Estado vem definindo como patrimônio nacional, é uma questão de reconhecendo e de dar visibilidade ao que os terreiros sempre foram, parte da história da religiosidade e da cultura do nosso país, assim como, um lugar de aprendizado, de saberes outros que podem enriquecer nossa educação formal, inda alheia as potencialidades de outros saberes.
Muitos terreiros levam manifestações às ruas, o caso dos bois de encantaria, maracatus e outras manifestações que compõe seus rituais. Sabemos que muito da musicalidade e ritmos considerados brasileiros saíram dos terreiros, deste modo, os terreiros sempre fizeram parte das manifestações culturais e revelaram, cada um a sua forma, parte de suas tradições para sociedade mais ampla. Porém, o que acredito ser particular a esse momento histórico que vivemos é que, muitos terreiros que faziam uso de estratégias como o sincretismo ou invisibilidade de suas práticas para reduzir a opressão vêm compondo outra forma de enfrentamento. Este enfrentamento tem ocorrido diferente do que ocorreu, não pela invisibilidade, mas pelo ato de mostrasse ou reivindicarem serem mostrados de uma forma positivada, ou seja, a arena agora é o da performance política.
Acredito que os terreiros que reivindicaram sua condição de quilombo ou constroem memórias ou similares, estão assumindo o ato de contar suas histórias frete as representações outras marcadas pelo preconceito e discriminação. Se antes as estratégias eram a reclusão, escamoteamento de suas práticas vemos iniciativas mais afirmativas destes grupos, à medida que se tornam agentes de sua história, construindo nos interiores dos seus terreiros seus próprios acervos. Onde nestes espaços da memória, juntam objetos, imagens, textos e recontam a histórias dita oficial.
Outro elemento importante, além do apontado, é compreender como estas religiões marcadas pelo segredo e mistérios, espaço sagrados de acesso restrito, saberes e poderes apenas compartilhados por seus mestres, sacerdotes como elemento de fortalecimento de seus legados, estão compondo um espaço de exposição. E, por sua vez, a inserção em outros espaços, marcam disputas ou agregam na cena das identidades que podemos dizer nacional. Identidade estas, que se propõe agregadora dos diversos segmentos sociais, no tocante as políticas patrimoniais.
O que devemos reivindicar é o direito dos diversos grupos sociais de se representarem e, mediante a diversidade cultural do nosso país, o que chamamos de patrimônio, seja capaz, de algum modo, de permitir que diferentes grupos possam se reconhecer nesse repertório. Marcamos alguns apontamentos - (1) a importância de um estudo que explore as relações dos terreiros para além deste, ou os mecanismos pelos quais estes vêm se fazendo perceber pela sociedade envolvente; (2) as ações dos museus em outros lugares, como ação educativa e reflexiva sobre as bases da nossa educação formal e estatal e; (3) a importância de uma reflexão sobre a noção de patrimônio que, contemple a diversidade cultural e não apenas as histórias das elites, que permita que os “sem história” possam contar o que não foi dito ou bem dito pela história oficial.
MATRIZES - QUAL SUA POSIÇÃO ENQUANTO PESQUISADOR DA IMPORTÂNCIA DA ACADEMIA E SUAS PESQUISAS NOS TERREIROS?
R - As pesquisas sobre os terreiros ou as religiões afro-brasileiras na Antropologia Brasileira, sempre teve destaque e continua atraindo a curiosidade dos pesquisadores. A curiosidade acadêmica sobre os terreiros se estabelece, primeiramente, por esses serem espaço de sociabilidade que agregam memória, narrativas e diversos saberes e, segundo, por serem espaços paradigmáticos para pensar a sociedade brasileira e suas contradições.
Falo paradigmático porque, dos estudos sobre terreiro podemos pensar a indolências religiosa, racial e étnica sofrida pelos grupos de origem africana que compõe o que somos enquanto nação. Estas pesquisas além de investigar os elementos simbólicos, registraram a luta e resistência desses grupos frente a perseguições do Estado e da Justiça que criminalizava suas práticas e cultos. As perseguições e intolerâncias ainda continuam, houve avanços, porém, novas formas de repressão vem se redesenhado no campo religioso brasileiro, o que demanda mais pesquisas que identifiquem o desenvolvimento destas problemáticas.
As lutas dos movimentos sociais têm uma grande importância para as conquistas dos direitos sociais ou da manutenção destes direitos, por outros meios, o campo acadêmico que é diverso e complexo (que se desdobra no ensino, pesquisa e extensão) é mais uma ferramenta que, por meios de suas pesquisas e ações educativas, podem promover uma leitura mais críticas dos processos sociais. Contudo, penso que, assim como os movimentos sociais, a academia e a ações dos seus pesquisadores, tem suas potencialidades e limitações que, dependo dos seus princípios e capacidades de diálogo podem promover ou não uma sociedade mais democrática e tolerante.
Enquanto pesquisador, em particular na pesquisa sobre a memória das religiões afro-brasileiras, acredito que minha função é interpreta os processos pelos quais os líderes religiosos e suas comunidades ou terreiros vem se relacionando com a sociedade envolvente, por meio de artefatos (vídeos, livros, imagens e outros objetos) ou como estes se veem representados nos museus locais. Acredito que todo e qualquer conhecimento tem que ter como princípios a dignidade das pessoas, tendo como meta a promoção de uma sociedade mais democrática e ética. Com base nestes princípios, acredito que as pesquisas do grupo que coordeno irão contribuir com o debate que envolve as religiões afro-brasileiras e sua memória no contexto nacional e em particular no Estado do Maranhão.

UM RESUMO RÁPIDO DA PESQUISA DO PROFESSOR DOUTOR GREILSON LIMA
Gostaria de apresentar, rapidamente, a pesquisa que coordeno intitulada: Patrimônio, memória e os tesouros do sagrado: ações museais das casas de cultos de matriz africana e ameríndias no Estado do Maranhão, uma ação do Núcleo de Performance, Memória e Religiosidades da UEMA.
Esta vem analisando as ações de registro da memória na e das casas de culto afro-brasileiras no Maranhão, a partir dos acervos no interior dos terreiros e dos acervos em museus do Estado (digital ou não). De modo a investigar como estas formas de registro da memória, dialogam com o universo simbólico/religioso dos artefatos e como contribuem enquanto mecanismos de resistência e de ação afirmativa destes grupos religiosos, vitimados por uma história de preconceito, permitindo ou não que estes venham afirmar o direito a reconstrução de suas narrativas e a escrita de suas histórias frente às políticas patrimoniais vigentes.
Deste modo, partimos da premissa que, o que devemos reivindicar é o direito dos diversos grupos sociais de se representarem e, mediante a diversidade cultural do nosso país, o que chamamos de patrimônio, seja capaz, de algum modo, de permitir que diferentes grupos possam se reconhecer nesse repertório. Marcamos alguns apontamentos teóricos no tocante ao direcionamento desta pesquisa: (1) a importância de um estudo que explore as relações dos terreiros para além deste, ou os mecanismos pelos quais estes vêm se fazendo perceber pela sociedade envolvente; (2) as ações dos museus, em outros lugares, como ação educativa e reflexiva sobre as bases da nossa educação formal e estatal e; (3) a importância de uma reflexão sobre a noção de patrimônio que, contemple a diversidade cultural e não apenas as histórias das elites, que permita que os “sem história” possam contar o que não foi dito ou bem dito pela história oficial.
Esta pesquisa conta com a investigação de três museus maranhenses que, contam em seus acervos, com artefatos, imagens, vídeos e textos que remetem as religiões afro-brasileiras: O Cafua das Mercês (ou Museu do Negro); o Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho e; O Museu Afro-Digital do Maranhão. Além destes espaços, nossa pesquisa irá contar com os registros da memória ou os modos que esta se apresenta em quatro casas de cultos do Maranhão :(i) a Casa das Minas, (ii) a Casa de Nagô, (iii) a Casa Fanti-Ashanti e (iv) o Terreiro de Iemanjá do Falecido Jorge De Itacy.
Como existe todo um debate, a nível nacional, sobre as minorias raciais e étnicas e as ações afirmativas que buscam restituir a dignidade e a alto estima destes grupos, esta pesquisa, que explora o contexto das religiões afro-brasileiras no Maranhão, incita uma a reflexão desta problemática, buscando contrapor as formas antes depreciativas e como estes foram representados em museus, apontando meios alternativos pelos quais estes grupos vêm construindo suas narrativas antes invisibilizadas. E, quando confrontamos narrativas de forma respeitosa, reconstruímos a história, e este fato, nos permite, além de uma contribuição teórica e epistêmica, uma atitude de cidadania e respeito às diferenças.
Por sua vez, este pesquisa, também se justifica por suas metas que são: (1) construir um panorama das iniciativas museais no Estado do Maranhão, em terreiros de religião afro-brasileira, bem como as implicações políticas dos seus agentes e idealizadores na elaboração e exposição de seus acervos; (2) avaliar como estas ações funcionam como dispositivo de inclusão social e cidadania destes grupos religiosos, bem como, apontam para o novo processo de produção e institucionalização de memória constitutiva da diversidade étnica, religiosa e cultural do país e nossas formas de ensino e aprendizagem; (3) colaborar na construção de um acervo de imagens dos memoriais e produções textuais sobre estas experiências e, em consenso com estes grupos, disponibilizar virtualmente, de uma forma que seja constantemente realimentado e funcione como espaço diálogo. E, desta forma, visibilizando e promovendo o acesso a esse acervo; (4) atuar como agente de qualificação de estudantes de graduação dos cursos de Ciências Sociais (licenciatura e bacharelado) da Universidade Estadual de Maranhão.
(Dr. Greilson José de Lima - Antropólogo, professor e pesquisador da UEMA)







domingo, 19 de abril de 2015

ENSAIOS CULTURAIS ITINERANTES NO BAIRRO DA LIBERDADE

Cultura Viva Comunitária -
ENSAIOS ITINERANTES NO BAIRRO DA LIBERDADE
Ontem, 18 de abril de 2015, na Rua Alberto de Oliveira, na sede do Cacuriá Reboliço do Mará, aconteceu o primeiro ENSAIO INTINERANTE DE GRUPOS CULTURAIS DA LIBERDADE. Essa iniciativa é fruto de uma ideia conjunta de quatro amigos produtores culturais da área: Hermeson do Grupo de Dança Portuguesa Tradição de Portugal, do João Carlos do Baile de Caixa, Lúcio do Cacuriá Reboliço do Mará e Genilson da Qaudrilha Asa Branca. Todas estas brincadeiras da cultura popular maranhense compõe o Eixo Cultural Camboa – Liberdade – Fé em Deus. A idéia, segundo os organizadores, é integrar as brincadeiras da área para visibilidade e ajuda mútua para superar os entraves e dificuldades da produção cultural em São Luis.
Na ocasião os organizadores falaram conosco sobre o projeto.


(Hemerson - Dança Portuguesa Tradição de Portugal)

“Esse primeiro ensaio é o início de uma série de outros que vai até 06 de junho. Cada brincadeira recebe os outros grupos em sua sede para ensaios, cada uma se apresentando por vez. Esse ação além de dar visibilidade a cultura da Liberdade eleva a autoestima dos brincantes que são na maioria jovens. Fortalece laços de amizade, sentimento de pertencimento ao espaço. O projeto não é fechado para outros grupos, pelo contrário, o objetivo é incluir e agregar cada vez um número maior de brincadeiras. O contato entre os grupos com suas características próprias proporciona troca de saberes e experiências” afirmou Hemerson da Dança Portuguesa.


Para João Carlos do Baile de Caixa da Fé em Deus o projeto permite conseguir recursos para dar suporte ao período junino.

(João Carlos - Baile de Caixa Fé em Deus)
“Com os ensaios é possível a venda de bebidas e comidas além de oferecer um momento de divertimento à comunidade. Gera renda aos grupos o que fará muita diferença na preparação para os festejos juninos, já que a ajudo do poder público é muito pequena. O projeto traz visibilidade aos grupos e mobiliza a comunidade, pois apesar da chuva tem muita gente prestigiando e não houve divulgação”

Percebe-se nas declarações dos grupos que para continuar fazendo cultura é preciso criar estratégias ante a falta ou pouco apoio do Governo. A política cultural maranhense é focada no produto (apresentação) e não no processo de produção. O apoio se limita ao pagamento de cachês baixos para apresentações no período junino e só são efetivados meses depois.

O Lucio, presidente do Cacuriá Reboliço do Mará disse que o projeto visa a primeira instância a integração entre brincantes dos diversos grupos.


(Genilson da Quadrilha Asa Branca e Lúcio do Cacuriá Reboliço do Mará)

“A juventude precisa conhecer a diversidade cultura do bairro e se reconhecer nela. É essa juventude que dará continuidade desses saberes e fazeres culturais. O nosso bairro é estigmatizado como violento. Estamos numa periferia invisibilizada socialmente, e a cultura é uma estrada para mudança de qualidade de vida e uma forma de prevenção aos danos sócias. Este evento é a festa de juventude que integra e motiva para participação de outros jovens.



SERVIÇO

25/04 - Ensaio na sede do Baile de Caixa da Fé em Deus
02/05 - Ensaio na Praça do Japão com a Dança Portuguesa Tradição de Portugal
09/05 - Ensaio na Brasília da Liberdade com a Quadrilha Asa Branca
16/05 - Ensaio na Liberdade na sede do Cacuriá Reboliço do Mará
23/05 - Ensaio na sede do Baile de Caixa da Fé em Deus
30/05 - Ensaio na Praça do Japão com a Dança Portuguesa Tradição de Portugal
06/05 - ENCERRAMENTO - Ensaio na Brasília da Liberdade com a Quadrilha Asa Branca

O TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO SOCIAL

TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO.


Registrado em 2007 com patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial o Tambor de crioula é uma expressão da cultura popular maranhense de raízes africanas. O título de patrimônio deu maior visibilidade a manifestação elevando a autoestima dos praticantes (detentores), os coreiros. Além disso permite o diálogo com o poder público nas ações de proteção da forma de fazer o tambor denominada Política de Salvaguarda. Entretanto, ações de salvaguarda se configuram quando qualquer iniciativa provoque resultados que levem ao fortalecimento da brincadeira. É o caso do Tambor de Crioula Arte Nossa em São Luis.

Conversamos com sua Diretora Simei Dantas que falou do projeto de inclusão social de jovens e crianças através do Tambor de Crioula.

Simei Dantas - Tambor de Crioula Arte Nossa

MATRIZES - O QUE SERIA TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO SOCIAL?

Simei Dantas - Precisamos desconstruir a imagem de que o tambor de crioula é associado a bebida, droga, vadiagem. Eu vejo o tambor de crioula, enquanto cultura popular, ao modelo de outras expressões como música, dança e o teatro, tem poder de transformação social. Enquanto herança ancestral inclui a criança e o adolescente dentro de sua própria realidade sociocultural. Não trabalhamos só a dança e a música, trabalhamos a educação. Precisamos construir cidadãos plenos de direitos. E essa cidadania é trabalhado tendo como pano de fundo essa transmissão de sabares.
A base do nosso trabalho é o estabelecimento de vínculos, regras de convivência, desenvolvendo atitudes de zelo e respeito pelo outro e o sentimento de pertença à partir da expressão cultural.
MATRIZES - QUAL É O PÚBLICO ASSISTIDO PELO PROJETO?
Simei Dantas - Trabalhamos com crianças em várias situações de risco social. No momento que estas crianças entram em contato com esse ambiente acolhedor e educativo constrói-se referenciais positivos de vida.
Trabalhamos a cultura como instrumento de defesa dos direitos da criança e do adolescente, por isso DIG NÃO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL.

MATRIZES - NO CASO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL QUAL SUA OPINIÃO?
Simei Dantas – Lugar de criança é na escola. Cada adolescente em risco social tem um histórico complicado, difícil. Defendo a funcionalidade da rede de proteção à criança e ao adolescente, isto é, eficácia dos programas sociais destinados a sua proteção.
Se a família não tem como tutelar essa criança ou adolescente o Estado deve assumir de forma eficaz essa função. Tudo tem um princípio. O adolescente infrator não nasce assaltante. Quando criança é aliciado e usado para prática de crime.
A redução da maioridade penal só vai mascarar uma questão social e a impunidade não diminui. O resultado disso é o extermínio do jovem, negro, pobre da periferia.
MATRIZES – METODOLIGIA O PROJETO UTILIZA?
Simei Dantas – A ludicidade é aplicada a partir da diversidade de dimensões da expressão tradicional Tambor de Crioula, o que eleva a autoestima e fortalece o sentido de pertença. Com adolescentes trabalhamos temáticas que envolvem seu dia-a-dia – enfretamento e combate a droga, sentido de pertencimento, combate ao estigma de sub-cidadania.
MATRIZES – SUB-CIDADANIA?
Simei Dantas – Aquele que não tem direito, invisível social.

MATRIZES – DEIXA UMA MENSAGEM AOS QUE FAZEM CULTURA NO MARANHÃO.
Simei Dantas – Entendo que o produtor cultural deve ir além do produto comercial de suas atividades, deve interferir na realidade social usando a cultura como veículo de transformação.