
Registrado em 2007 com patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial o Tambor de crioula é uma expressão da cultura popular maranhense de raízes africanas. O título de patrimônio deu maior visibilidade a manifestação elevando a autoestima dos praticantes (detentores), os coreiros. Além disso permite o diálogo com o poder público nas ações de proteção da forma de fazer o tambor denominada Política de Salvaguarda. Entretanto, ações de salvaguarda se configuram quando qualquer iniciativa provoque resultados que levem ao fortalecimento da brincadeira. É o caso do Tambor de Crioula Arte Nossa em São Luis.
Conversamos com sua Diretora Simei Dantas que falou do projeto de inclusão social de jovens e crianças através do Tambor de Crioula.

Simei Dantas - Tambor de Crioula Arte Nossa
MATRIZES - O QUE SERIA TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO SOCIAL?
Simei Dantas - Precisamos desconstruir a imagem de que o tambor de crioula é associado a bebida, droga, vadiagem. Eu vejo o tambor de crioula, enquanto cultura popular, ao modelo de outras expressões como música, dança e o teatro, tem poder de transformação social. Enquanto herança ancestral inclui a criança e o adolescente dentro de sua própria realidade sociocultural. Não trabalhamos só a dança e a música, trabalhamos a educação. Precisamos construir cidadãos plenos de direitos. E essa cidadania é trabalhado tendo como pano de fundo essa transmissão de sabares.
A base do nosso trabalho é o estabelecimento de vínculos, regras de convivência, desenvolvendo atitudes de zelo e respeito pelo outro e o sentimento de pertença à partir da expressão cultural.
MATRIZES - QUAL É O PÚBLICO ASSISTIDO PELO PROJETO?
Simei Dantas - Trabalhamos com crianças em várias situações de risco social. No momento que estas crianças entram em contato com esse ambiente acolhedor e educativo constrói-se referenciais positivos de vida.
Trabalhamos a cultura como instrumento de defesa dos direitos da criança e do adolescente, por isso DIG NÃO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL.
MATRIZES - NO CASO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL QUAL SUA OPINIÃO?
Simei Dantas – Lugar de criança é na escola. Cada adolescente em risco social tem um histórico complicado, difícil. Defendo a funcionalidade da rede de proteção à criança e ao adolescente, isto é, eficácia dos programas sociais destinados a sua proteção.
Se a família não tem como tutelar essa criança ou adolescente o Estado deve assumir de forma eficaz essa função. Tudo tem um princípio. O adolescente infrator não nasce assaltante. Quando criança é aliciado e usado para prática de crime.
A redução da maioridade penal só vai mascarar uma questão social e a impunidade não diminui. O resultado disso é o extermínio do jovem, negro, pobre da periferia.
MATRIZES – METODOLIGIA O PROJETO UTILIZA?
Simei Dantas – A ludicidade é aplicada a partir da diversidade de dimensões da expressão tradicional Tambor de Crioula, o que eleva a autoestima e fortalece o sentido de pertença. Com adolescentes trabalhamos temáticas que envolvem seu dia-a-dia – enfretamento e combate a droga, sentido de pertencimento, combate ao estigma de sub-cidadania.
MATRIZES – SUB-CIDADANIA?
Simei Dantas – Aquele que não tem direito, invisível social.
MATRIZES – DEIXA UMA MENSAGEM AOS QUE FAZEM CULTURA NO MARANHÃO.
Simei Dantas – Entendo que o produtor cultural deve ir além do produto comercial de suas atividades, deve interferir na realidade social usando a cultura como veículo de transformação.
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