quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

RESPPONSABILIDADE SOCIAL DOS TERREIROS DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E VARIANTES


EXPERIÊNCIA DO TERREIRO DE MAMÃE OXUM E PAI OXALÁ (Pai Joãozinho da Vila Nova)

Palestra apresentada no I Seminário Fala Vodunsi:

A secularidade e o tambor de mina onde estamos, para onde iremos.
Sábado dia 29 de novembro no Praia Mar Hotel.


Ivana Cesar
Socióloga


l QUEM SOMOS
l Na década de 70, com ajuda de alguns filhos-de-santo, João Gualberto de Sousa, ou Pai Joãozinho da Vila Nova, fundou na área Itaqui/Bacanga, o TERREIRO DE MAMAE OXUM E PAI OXALÁ.
Em 2003, foi fundada a ASSOCIAÇÃO DE CULTO AFRO JEJE/NAGÔ, mantenedora do Terreiro de Mamãe Oxum e Pai Oxalá, que se insere num contexto histórico em que os movimentos sociais organizados buscam parcerias nas mais diversas esferas, concentrando discussões, seminários e oficinas em torno de questões relativas às desigualdades sociais, doenças étnicas e o direito de expressão religiosa de matriz africana.
l FINALIDADE
Além de representar juridicamente a Casa, os dirigentes da ASSOCIACAO se propõe estabelecer novos paradigmas de atuação sócio-cultural e religioso, realizando projetos alternativos, para a afirmação das casas de santo sustentáveis, através de atividades e/ou ação conjuntas com o poder publico e a iniciativa privada, tendo como eixos norteadores de ação a RELIGIOSIDADE, a CULTURA, a EDUCACAO e o MEIO AMBIENTE.
l ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Desenvolvemos ações sociais, onde crianças, adolescentes, jovens e mães da comunidade são protagonistas dos nossos trabalhos, tais como palestras educativas na área de saúde, aplicação de flúor entre crianças de 03 a 12 anos, distribuição de sopa aos sábados e bandecos durante as festas religiosas.
l A Associação em parceria com a Rede Nacional de Religiões Afro-brasileira desenvolveu algumas ações que contribuiu com a melhoria da qualidade de vida dos seus associados e a comunidade a qual está inserida, através da defesa de direitos de culto, fortalecimento da cidadania ativa e geração de renda.
l Palestras, vacinação de idosos, aplicação de flúor, distribuição de preservativos e palestras sobre DST na sede da Associação em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde.
Normalmente, na Casa, são realizados mensalmente, em média, 08 (oito) rituais, assistido em média por 150 (cento e cinqüenta) a 200 (duzentas) pessoas. A Casa costuma ser freqüentada, mensalmente por mais de 800 (oitocentas) pessoas durante as festas e rituais.
l Terreiro de Mamãe Oxum e Pai Oxalá é uma Casa muito grande pelo qual transitam grande número de pessoas.
l Todo esse grande fluxo de movimento que hoje a Casa possui, deve-se ao fato de que, com o passar dos anos várias atividades foram incluídas e implantadas no Calendário da Casa
l PROJETOS SOCIAIS:
Sob a coordenação dos médiuns da Casa, temos o Projeto “Cidadania”, que distribuí aos sábados, sopa para 300 (trezentas) pessoas entre crianças e adultos, todas são famílias carentes da comunidade.
Mantemos uma CASA DE APOIO para abrigar os associados quem vem do interior do estado em tratamento espirituais ou médicos;
l Outros serviços oferecidos gratuitamente à comunidade carente são os cursos básicos de informática, atendimento médico e encaminhamento dos pacientes para exames clínicos, entre outros, o que até a presente data, essas atividades continuam sendo desenvolvidas em benefício da comunidade do bairro da Vila Nova e adjacências onde a Associação está inserida.
l ATIVIDADES EM 2008
l Orientação educativa através de oficinas para jovens, adolescentes e adultos da comunidade sobre religiões de matriz africana; identidade étnica e cultural; gênero e sexualidade; saúde; educação e geração de renda;
l Curso de capacitação profissional para jovens de 15 a 25 anos;
l Implantação da FARMACIA VIVA;
l Produção e comercialização de medicamentos para o manejo auto-sustentável das ervas do Horto Medicinal em parceria com o SEBRAE e a UFMA.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA E SUAS VARIANTES

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA E SUAS VARIANTES
Paulo Roberto Dumas
I. A construção social do conceito de responsabilidade;
II. A construção do conceito de responsabilidade nos terreiros de matriz africana;
III. III. Responsabilidade social e pertencimento cultural.

I. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE.
a. Responsabilidade é o fenômeno de ser responsivo / responder à solicitações do meio social de forma a atender a estrutura que solicita (estabelecimento de norma);

B. Ser responsável é a capacidade que o ser social tem de determinada apreensão das normas e/ou regras a serem respondidas dentro de padrões e/ou conformidades estabelecidas enquanto tal (comportamentos e/ou condutas);

c. Ter responsabilidade: aquele(a) que ao aprender as normas ou regras, desenvolve elementos / instrumentos (os meios) responsivos e capazes de atendê-las (maturidade);

d. Responsabilidade Social é um conceito que determina comportamentos e/ou condutas (ações) compatíveis às normas / regras socialmente estabelecidas.

Obs.: A questão de responsabilidade social não é um contexto novo, porém, a sua aplicabilidade enquanto processo de “inclusão social” é que visa atender as solicitações / demandas da sociedade atual. A responsabilidade social entendida neste sentido presume que haja uma “interação / relação compartilhada socialmente dos atores / sujeitos entre si”.

II. A CONSTRUÇÃO CULTURAL DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL NOS TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA.
a. Tempo Mítico: origem fundante das civilizações;
b. Tempo Histórico: a consecução e temporalidade dos eventos civilizatórios significativos;
c. Tempo Social: o estágio civilizatório ou civilizacional.
Cabe ressaltar que as civilizações da África Subsaariana (costa ocidental) utilizavam a ORALIDADE (tradição oral) como forma de perpetuar seus costumes e conhecimentos. Tomando como base as concepções cronológicas acima descritas, podemos verificar que, na diáspora africana e, principalmente no Brasil, para as religiões de matrizes africanas só haverá normas ou códigos éticos e de conduta se, estes, estiverem literalmente relacionados ao contexto sagrado daí, os tabus, os interditos, as restrições, os contra-axés, os ewós. Parte-se então do princípio que, a responsabilidade social dos terreiros (espaços sagrados) de religiões de matrizes africanas, prescinde de uma releitura quanto suas próprias normas, sejam internas / externas, sagradas e /ou profanas para que se possa estabelecer critérios estruturantes de ações socialmente inclusivas (políticas públicas) para essas mesmas comunidades.
Ainda conforme BALANDIER (1951) “a heterogeneidade, a complexidade e o dinamismo sociocultural, são características próprias da historicidade africana. As sociedades (africanas) não são estáticas e passivas e destacam-se as capacidades de mudanças e seu potencial revolucionário”. Entretanto, conforme as análises de ARENDT (1989) “as práticas políticas criaram e mantiveram relações sociais fundadas na assimetria, na hierarquia e na extrema desigualdade entre europeus e africanos”. Ainda, segundo a autora, “um elemento fundamental de enraizamento e sustentação desse domínio foi o racismo”. Nessa elaboração, o racismo advém da quebra do valor atribuído ao ser humano, no caso, o negro, que subtraído de suas qualidades substanciais perde a possibilidade de ser tratado como semelhante em um mundo compartilhado.
Tal contexto também é de certo modo, verificando dentro dos cultos religiosos e / ou em comunidades de terreiros de matriz africana. Agora, qual matriz africana se está falando? Aquela inventada no bojo da teoria eurocêntrica, folclorizada, mistificada ou, a que traz em si alguma essência da tradicionalidade?
Se falamos da primeira, temos que ter em conta, os malabarismos teóricos / conceituais, historicamente construídos pelo eurocentrismo e que, retiraram a negritude, a africanidade, impondo-lhe estruturas místicas européias à serviço de um emergente contexto político no Brasil. Tal conceito remonta ao surgimento da umbanda (1902/1907), no Rio de Janeiro, mais precisamente na cidade de Niterói, e a criação e institucionalização da Umbanda, através da Federação Brasileira de Umbanda. Daí a Umbanda branca, Umbanda Esotérica, Umbanda Espiritualista, os batismos astrais, os rituais de desenvolvimento de entidades espirituais, etc.
Já a segunda, mesmo com a presença de certa “tradicionalidade” seja, nos cânticos e danças africanizadas, nas indumentárias, na culinária, que expressa certa preservação dos costumes africanos (conforme Manoel Quirino) merece atenção o fato de que, a modernização dos espaços urbanos, a tecnologia, o estabelecimento de novas regras sociais, vêm limitando certos costumes que por si só, irão influenciar na manutenção da tradição. Isto não significa que a cultura seja estática.
É necessário registrar que, o processo de escravização ao qual várias civilizações africanas foram submetidas, era desvinculado das tradições dos valores africanos de várias regiões; ignorava-se não só o significado da terra para a maioria das comunidades culturais como papel dos chefes de terra. O problema é que quanto a quantidade numérica, os chefes de terra eram as chefias mais comuns exercidas nos “territórios linhageiros”, espaços geográficos constituídos por aglomerações populacionais formadas por muitos grupos de famílias e / ou familiares com afinidades culturais comuns (tradições, costumes, hábitos, língua e, por vezes, religiões). Simbolicamente, o território linhageiro significava o espaço de ligação entre os seres vivos, os mortos e os ainda por nascer. Envolvendo a metáfora de tudo que já foi realizado e o que virá a ser, encerra um sentido de continuidade que sustenta e reforça o coletivo. Por sua vez, deve-se considerar também que o africano estava potencialmente habilitado a ocupar a terra segundo normas ancestrais que organizavam essa relação, destacando-se o princípio da impropriedade do solo. (COQUERV-VIDROVITCH, 1997).
Entretanto não podemos negligenciar tais questões se, ao questionarmos as comunidades dos terreiros de matriz africana sobre sua responsabilidade social, principalmente, no atual contexto político nacional e mesmo internacional, não levaremos em conta, a presença, significativa do SAGRADO, enquanto elemento estruturante. Assim, qual responsabilidade social esperamos dessas comunidades na diáspora: a que é estruturada nos gabinetes dos governantes mediante a vigência de leis e acordos internacionais ou, aquela, advinda da própria compreensão de mundo que essas comunidades expressam?
Verifica-se pois que, o conflito situa-se de um lado, com relação ao contexto no qual se dá efeito a responsabilidade social e de outro, o conteúdo com qual, essa mesma responsabilidade se expressa. Dessa feita, estamos pois, diante da questão das POLÍTICAS PÚBLICAS vigentes na sociedade brasileira. Sejam políticas de saúde, de educação, de cultura, ou mesmo as que garantam “o estado de direito”. Essas políticas estão verdadeiramente direcionadas a todos? Há de fato, uma interação entre as comunidades de terreiro e as políticas públicas?
Tais questões surgem-nos, inquietantes, visto que, mesmo com todo um aparato de leis e convenções internacionais, ainda é visível o PRECONCEITO com o qual essas comunidades são tratadas. Mesmo com plena vigência de uma POLÍTICA PÚBLICA DA IGUALDADE RACIAL a nível nacional, é notório em alguns setores da sociedade brasileira, o descaso, a discriminação, a desinformação a respeito. Por sua vez, e aqui faço uma crítica às comunidades que, penso construtiva, permite-me, essas mesmas comunidades de terreiro, não tem percebido que, a velocidade das transformações sociais imputa um processo de reelaboração / reestruturação do qual estão abrindo a mão e, com isso, inviabilizando a construção da reafirmação cultural e, do redimensionamento de suas formas próprias de ser e ver o mundo, principalmente, o circundante.
Tal crítica emerge, devido a observação do surgimento do fenômeno da aculturação pelas Ciências Sociais, através, da importação de modelos religiosos que , de sobremaneira distorcem o simbolismo dessas mesmas comunidades terreiro, não só em suas dimensões quanto significações sociais, dentro da cultura que representam, mais precisamente na capital do Estado (São Luis,Ma.).
“O TAMBOR DE MINA, NO MARANHÃO, NÃO PRECISA CANDOMBLEIZAR-SE OU ABAHIANAR-SE PARA SUA SOBREVIVÊNCIA”. Esta portanto, seria necessariamente, sua primeira RESPONSABILIDADE SOCIAL: manter suas origens, suas especificidades, sua essencialidade, enquanto religião de matriz africana, espaço sagrado / sacralizado onde flui o AXÉ, força imaterial dos ENCANTADOS E VODHÚNS, para com seus iniciados, seguidores e simpatizantes. Quando há perda da identidade cultural ou mesmo de suas reminiscências, como no caso da diáspora, o que resta é a despersonalização, que por conseqüência irá produzir condutas alienantes e alienadas de sua própria significação.
Não pode haver RESPONSABILIDADE SOCIAL onde não há uma “identidade” fundada na luz da cultura que lhe deu origem. Os ditames da RESPONSABILIDADE SOCIAL fundam-se primeiramente, na compreensão de: quem sou? e do que sou? Ou seja, só haverá responsabilidade social SIGNIFICANTE ENQUANTO HOUVER UM pertencimento ao contexto cultural que lhe é próprio e, sua preservação.

RESPONSABILIDADE SOCIAL / PERTENCIMENTO CULTURAL

É na apropriação do PERTENCIMENTO CULTURAL que a sociedade como um todo e, seus atores em particular encontram suas regras, as normas que irão ditar suas condutas, seus comportamentos e, com isso, a RESPONSABILIZAÇÃO SOCIAL de todos por e para todos. Assim é a base da cultura de matriz africana. Uma sociedade coletiva, onde a pluralidade, a diversidade, não se contrapõe ao bem comum.
Foi assim que conseguimos atravessar quase 04 (quatro) séculos de ESCRAVIDÃO!...
Muito AXÉ a todos.

I Seminário FALA VODUNSI: A Secularidade e o Tambor de Mina, onde estamos, para onde iremos? - RELIGIÃO E CIDADANIA: Nossos Direitos

Prof. Ilma Fátima a primeira da esquerda para direita




Profª. ILMA FÁTIMA DE JESUS

Mestra em Educação pela Universidade Federal do Maranhão. Educadora, Especialista em Educação, atua na formação continuada de Coordenadores/as Pedagógicos/as e Professores/as da Rede Municipal de Educação

Coordenadora da Equipe da Proposta Curricular, do Projeto de Regularização do Fluxo Escolar e do Projeto A Cor da Cultura na Superintendência da Área de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de São Luís, na qual atua desde a nomeação em 2002.

Supervisora Escolar na Secretaria de Estado da Educação, atuando na Superintendência de Modalidades e Diversidades Educacionais, nomeada a partir de 2008.
A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NEGRO NA RE-EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

REFLEXÃO: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. (Nelson Mandela).

As críticas efetuadas historicamente pela militância do movimento negro em relação ao currículo escolar, em face da ausência da história da África e do negro no Brasil, a fim de se assegurar a formação de uma identidade étnico-racial positiva às crianças e adolescentes afro-brasileiros, assim como a forma estereotipada e preconceituosa como o negro e a negra são apresentados nos livros didáticos, abriram espaços para discussão do racismo na educação. Daí o surgimento da Lei 10.639, que modifica a LDB e insere o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana no currículo escolar.

FORMAÇÃO DOS/AS PROFESSORES/RAS
A necessidade formação de professores/as para lidar com as questões étnico-raciais na sala de aula é latente para que direções teórico-metodológicas adequadas sejam incorporadas pelos profissionais da educação na prática pedagógica, uma vez que a formação inicial, ou seja, os cursos de graduação ainda não contemplam disciplinas sobre gênero, etnia, racismo e identidade étnico-racial na educação, o que acaba por não contribuir para o combate a situações de preconceito e discriminação de gênero e etnia na escola, provocando danos na formação identidade étnica e auto-estima das crianças negras, fator relevante para o seu desempenho nos estudos, já que ocorre uma desvalorização da identidade, prejudicando a aceitação inerente negritude.

Formação Inicial: A lacuna da formação inicial, sem possibilitar uma habilitação para transmissão ao alunado de informações que os auxiliem a entender a dimensão biológica, histórica e política das diferenças de gênero e de etnia da humanidade, não contribui para que os que se formam se tornem aliados nesse processo, uma vez que somente professores e professoras sensíveis à questão poderão desenvolver atitudes firmes e apropriadas com relação a atitudes preconceituosas e a atos discriminatórios no contexto escolar, no material didático, disponibilizando-se a discutir e reconhecer seus próprios preconceitos por encontrarem-se receptivos às sugestões para mudança de postura.

Bandeira de Luta: Uma das bandeiras de luta do movimento negro tem sido a de valorizar o negro, chamando a atenção para sua contribuição na construção do país, o que traria uma valorização positiva para as nossas raízes culturais africanas, podendo levar afro descendentes a valorizar e identificarem-se com nossas raízes, o que poderia contribuir para elevar ou resgatar a identidade étnico-racial e conseqüentemente a auto-estima negra. Mas por um longo tempo, as reivindicações específicas do movimento negro caíram no esquecimento.

História da Educação
A própria História da Educação Brasileira ignora as iniciativas de educadores negros e educadoras negras no campo educacional, desde a criação de escolas, movimentos de alfabetização da população negra e, o mais importante, as propostas pedagógicas que contemplem a especificidade e pluralidade étnica do alunado. As avaliações sobre currículo também não consideram as reflexões sobre a necessidade de um currículo escolar contemplando a diversidade étnica da sociedade e a ausência de imagens ou a veiculação de imagens estereotipadas de negros e negras no material didático.

Caminhos
A viabilidade de uma proposta de inserção de conteúdos reivindicados há tempos pelo movimento negro, depende também da preparação de professoras/es a fim de que saibam lidar com o multiculturalismo e a eliminação de atitudes preconceituosas e discriminatórias na prática pedagógica, no material didático e no currículo escolar, uma vez que a formação contínua dos profissionais da educação será positiva se estiverem abertos e receptivos pois são mediadores na construção dos conhecimentos, na interação que deve ser promovida na sala de aula entre alunas/os das várias etnias que compõem a população brasileira.

Estudos Africanos
A sugestão de introdução de estudos africanos a partir da inserção da história africana no currículo escolar a fim de que sejam resgatados pontos positivos de referência às/aos alunas/os negras/os remonta décadas e vem de encontro ao fato de que as instituições escolares não oferecem ao alunado negro condições de socialização que promovam o pleno desenvolvimento de suas potencialidades para a assunção da nossa verdadeira identidade étnico-racial e para o fortalecimento da auto-estima.

Lei 10.639
Para as/os militantes do movimento negro, as históricas reivindicações tomaram outro rumo nacionalmente, a partir da assinatura da Lei 10.639, em 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Isto implica considerar, de agora em diante, o cultivo da alteridade de caráter étnico e as implicações de reconhecer-se diferente, de um lado, e de outro, admitir uma identidade específica, como a negra, o que quebraria resistências pautadas na tese da democracia racial que perpetua a assimilação da identidade do outro.

Plano Nacional de Educação
O Plano Nacional de Educação aponta para uma educação que forme pessoas mais aptas a assimilar mudanças, mais autônomas em suas escolhas, que respeitem as diferenças e superem a segmentação social. A formação de professoras/es para educação das relações étnico-raciais e de gênero, seja inicial, contínua ou em serviço, precisa estar atenta para uma formação voltada para uma prática educativa multicultural.

O cumprimento da Lei 10.639
O cumprimento da Lei 10.639 pode colaborar para que programas de formação continuada sejam desenvolvidos para coordenadores/as pedagógicos/as e docentes, que venham de encontro à reformulação do currículo para que se rompa com um modelo pedagógico que invisibiliza a contribuição do negro na construção da identidade brasileira, propiciando a professoras/es e alunas/os a apropriação de saberes sobre história e a cultura afro-brasileira, fazendo uma releitura da história do mundo africano do período pré-colonial, com seus reinados e impérios, sua cultura e seus reflexos sobre a vida dos brasileiros, uma vez que o modelo que vem sendo trabalhado prioriza o lado eurocêntrico.

REFLEXÃO
... na formação permanente dos/as educadores/as, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.
É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.

Paulo Freire

Visibilidade
• A garantia de visibilidade ao afro-brasileiro poderá promover a cidadania e a eliminação da desigualdade étnico-racial, com a inserção de uma proposta pedagógica multirracial e interética que proporcionará uma identificação maior com as nossas raízes africanas tendo em vista o fato de que o negro foi levado a não se identificar como tal. Ao mesmo tempo, poderão surgir materiais pedagógicos do nosso ponto de vista contendo verdades históricas, corrigindo erros e materiais preconceituosos veiculados nas escolas.
A partir da lei, as escolas devem incluir nas ações pedagógicas as contribuições histórico-culturais de origem africana, além das dos outros povos que compõem a nação brasileira nos conteúdos curriculares, projetos e programas, cabendo o desencadeamento de ações de estudo para abordagem da temática, buscando fundamentação nas bases filosóficas e pedagógicas para o assunto. Podemos fazer a nossa parte, agora com o amparo da lei.

A história oficial, assim como o discurso pedagógico internalizado por nossas crianças, falam do brasileiro como um ser “cordial” e afirmam que a história do nosso povo é um modelo de soluções pacíficas para todas as tensões e conflitos que nela tenham surgido. Por aí pode-se imaginar o tipo de estereótipos difundidos a respeito do negro: passividade, infantilidade, incapacidade intelectual, aceitação tranqüila da escravidão etc.
Lélia Gonzalez


Indicadores utilizados I Conferência de Promoção da Igualdade Racial, realizada em Brasília, no período de 30 de junho a 02 de julho de 2005, sob a coordenação geral da SEPPIR

• Educação - Dados publicados pelo IBGE em 2003, mostram que as taxas de analfabetismo no Brasil das pessoas de cor negra/preta e parda correspondiam a 16,7% e 17,3%, respectivamente, enquanto a das pessoas de cor branca equivalia a 7,5%. Ainda, a população de 10 anos ou mais de cor branca possui, em média, 7,1 anos de estudo e a população de cor negra/preta, 5,5 anos e a de cor parda, 5,2 anos. Esses indicadores exemplificam como o sistema educacional brasileiro é discriminatório e produz uma realidade singular para os alunos e alunas negros: 1) a entrada precoce no mercado de trabalho; 2) a baixa qualidade do ensino público, onde se concentra a maioria dos estudantes afrodescendentes; 3) a imposição de um conteúdo programático que não valoriza o universo dos afrodescendentes e, portanto, não estimula a elevação de sua auto-estima; 4) a presença do racismo e do preconceito em sala de aula e no ambiente escolar, que reduz o estímulo à continuidade dos estudos.
• Pobreza – As/os negras/os representam 69,3% da camada constituída pelos 10% mais pobres e, apenas, 8,2% da constituída pelos 1% mais ricos. Os indicadores de pobreza e de indigência são muito mais elevados entre as/os negras/os do que entre as/os brancas/os. Segundo o IPEA, em 2001, 34% dos brasileiros foram considerados pobres, isto é, viviam abaixo da linha de pobreza. Neste mesmo ano, verificou-se que 47% da população total de negras/os era pobre. Entre o total de brancas/os, a proporção de pobres era de 22%. Ou seja, cerca da metade das/os negras/os vivia abaixo da linha de pobreza. Quanto à proporção de negras/os entre os pobres, apontaram-se um percentual de 61%. Da população brasileira 15% vivia abaixo das linhas de indigência, o total da população negra, 22% era indigente, entre o total de brancas/os, esse percentual era de 8%.
• A Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira”, passou a ter o Art. 1º vigorando acrescido dos seguintes artigos: “Art. 26-A - Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira e Africana.”

Lei 10.639/03
Art.79 B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional de Consciência Negra”.


REFLEXÃO
Alguns de nós não receberam na educação e formação de cidadão e cidadãs, de professores/as e educadores/as, o necessário preparo para lidar com o desafio que a problemática da convivência com a diversidade e as manifestações de discriminação dela resultadas colocam quotidianamente na nossa vida profissional. (MUNANGA, 2000, p.7)

Reeducação das Relações Étnico-Raciais
Na educação, a abordagem dos valores civilizatórios africanos é fator importante para a reeducação das relações étnico-raciais. Alguns desses valores são:
• Circularidade - O círculo é uma característica profunda das manifestações afro-brasileiras, como a roda de capoeira, a roda de samba, tambor de crioula, as conversas ao redor de uma fogueira ....
• A energia se move em círculo que não se fecha nem se cristaliza, mas gira, circula, transfere-se... (BRANDÃO, 2006a).
• Oralidade - Valorizar a fala é propiciar a escuta. A lenda, a música, o conto, o fuxico, o não-dito, o dito... fazem parte dessa oralidade (BRANDÃO, 2006a).
• Energia vital (ASE) - A energia vital tem característica sagrada e está em consonância com tudo que faz parte da natureza. Esses elementos se relacionam e sofrem influências uns dos outros (BRANDÃO, 2006a).
• Corporeidade - O corpo é convocado a falar em sua amplitude de forma individual ou coletiva.
• Musicalidade - A música com suas variações estão contidas na cultura e na história afro-brasileira. Muitos de nossos ritmos são de origem africana.

• Ludicidade Nem mesmo o processo cruel do tráfico negreiro, destruiu a capacidade dos africanos de brincarem, dançarem, jogarem e sorrirem. Esse jeito feliz marcou a cultura do nosso país possibilitando uma ludicidade a favor da vida.
• Cooperatividade/Comunitarismo - Um grande valor atribuído à cultura afro-brasileira é o coletivo. Não existe manifestação cultural negra que seja individual. Vejamos uma roda de samba, um culto afro-brasileiro, além de não se comer feijoada sozinho.
• Memória - É preciso recuperá-la pois o racismo a esconde, a nega.
• Religiosidade - O divino, o sagrado, não exclui. Contempla a todos(as): crianças, mulheres, jovens, idosas, alegres, guerreiras, dengosas, brigonas, homens, idosos, homossexuais, bissexuais... pessoas capazes de lutar pelo bem ou pela destruição do mal.
• Ancestralidade - A História traz a dimensão de saber – poder, através dos mais velhos que foi e são testemunhas da História.
Isso não resume-se apenas em trabalhar um conteúdo, mas através de uma abordagem crítica e positiva sobre a história da África e dos africanos fomentar mudanças nas maneiras de ver, ler e ser a brasilidade que é constituída pela contribuição de diferentes povos africanos.


DIREITOS
• O preconceito às religiões de matriz africana e as formas de combatê-lo precisam ser mais amplamente discutidos pois o estado brasileiro se diz laico na Constituição de 1988, mas algumas posturas deixam dúvida em relação à religiosidade da nação. O nosso país beneficia algumas religiões e se esquece de outras, principalmente das religiões de matriz africana.
• O Ensino Religioso, que faz parte do currículo das escolas públicas, no ensino fundamental, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9394/96, art. 33, precisa deixar de trabalhar apenas a existência de elementos da religiosidade cristã nas instituições públicas de ensino e trabalhar a religiosidade de matriz africana no mesmo patamar de importância, eliminando o desrespeito, respeitando a garantia de respeito constitucional.

Religiões afro-brasileiras
Um grande número de africanos e seus descendentes buscaram recriar as suas religiões de origem, formando grupos para a prática religiosa dos rituais e para a transmissão das tradições. Estes grupos se autodenominaram “nações” e os nomes adotados se referem às etnias, cujas culturas são predominantes entre eles. Tais criações foram mais bem sucedidas nos locais de maior concentração de escravos e seus descendentes, especialmente nas cidades portuárias que mantiveram atividades comerciais com os países da África até as primeiras décadas do século XX. No Brasil, foram especialmente as cidades de São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. (FARIAS)

Sobre a religiosidade de matriz africana

As práticas religiosas passaram a constituir-se em uma espécie de síntese dos elementos culturais, fossem de fé, fossem de costumes e rituais dos seus participantes, pelo fato das populações de africanos e seus descendentes não serem homogêneas, ou seja, estavam constituídas pela convivência de pessoas provenientes de diferentes etnias (por exemplo, mina, fanti, ashanti, yoruba, nagô, jeje, hauçá e outros).
Devido às pressões da Igreja Católica para a extinção da religiosidade dos grupos e também pela possibilidade de certos aspectos da religião católica serem compatíveis com as tradições africanas, as religiões afro-brasileiras apresentam significativos aspectos das crenças e dos rituais católicos:
• os participantes do Tambor-de-Mina (Maranhão) costumam realizar a festa sincretizada ao aspecto católico do império do divino, em homenagem ao Espírito Santo. (FARIAS)


As comunidades religiosas negras são
guardiãs e irradiadoras do processo
civilizatório e cultural negro

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Secularidade e Tambor de Mina - Prof. Dr.Sergio Ferretti


Comunicação apresentada na Mesa Redonda A secularidade e o Tambor de Mina no I Seminário Fala Vodunsi no Hotel Praia Mar em S.Luís a 29/11/2008.


No que entendo a palavra secularização está relacionado com o século, ou o mundo. Na Igreja Católica há uma diferença entre os padres seculares, que vivem em Paróquias, sujeitos aos Bispos e os padres regulares, que pertencem a congregações religiosas como Franciscanos, Dominicanos, Beneditinos e outros que, vivem em conventos e fora do mundo secular. Quando um padre regular deixa a congregação e vai para o clero secular se diz que ele foi secularizado, teve dispensa dos votos monásticos e passa a estar mais em contacto com o mundo exterior ou ao século do que com o convento. Assim secularização significa transferência de uma pessoa ou um bem clerical a uma instituição civil. Do mesmo modo se fala em escola leiga ou secular em oposição à escola religiosa
Não sei se a expressão secularidade e tambor de mina, está bem empregada. Creio que o interesse do debate aqui está mais em função da atualização do tambor de mina e não tanto uma secularidade ou secularização do tambor de mina. Parece-me que o interesse é saber como os terreiros de tambor de mina devem se apresentar atualmente diante do mundo em que estamos inseridos. Trata-se de fato da atualização ou do “aggiornamento” como se diz em italiano. É o que podemos entender lendo o release deste encontro que procura entender a situação do tambor de mina no Maranhão hoje. Não vamos nos referir aqui aos aspectos litúrgicos ou aos segredos do culto mas a alguns aspectos da atuação dos terreiros frente a sociedade atual ou sobre a função social e cultural das casas de culto afro nos dias de hoje. Vou apresentar algumas idéias sobre estes assuntos mas é claro que são apenas idéias e que evidentemente são discutíveis.

A meu ver acho que deve haver uma inspiração no modelo tradicional do Tambor de Mina como foi instituído pelos africanos no século XIX, como por exemplo, na Casa das Minas e na Casa de Nagô e em algumas outras. Mas evidentemente este modelo tem que ser atualizado para estar mais de acordo com os tempos atuais. Não estamos mais no século XIX quando a religião foi implantada aqui. Mas parece importante a preservação dos mitos e dos rituais que foram implantados pelos africanos no Maranhão Como deve ser esta atualização? Quais os seus aspectos principais?
No passado o Tambor de Mina era praticado quase que exclusivamente por mulheres, como ainda acontece em algumas casas. Os homens ocupavam cargos específicos, quase que só como tocadores de instrumentos e sacrificadores de animais. Hoje evidentemente esta situação se modificou e a religião interessa tanto a homens quanto a mulheres, embora constatemos de modo geral que a presença feminina é mais expressiva até hoje no Maranhão.
Segredos do culto. Toda religião tem seus rituais que são privados e outros que são públicos. Mas no Tambor de Mina tradicional havia muito segredo e mistério, evitava-se inclusive falar o nome das entidades, contar suas estórias e mitos, seus cânticos e orações em público. Creio que nos terreiros atuais esta prática tende a se reduzir embora continue a haver rituais privados e locais de acesso restrito aos iniciados. Isto é importante inclusive para a maior auto-valorização da religião. Mas o excesso de segredos e mistérios envolvendo o culto é prejudicial à atualização da religião nos dias de hoje, quando tudo é divulgado por escrito ou pela internet.
Oralidade. Sabemos que no passado os escravos eram analfabetos e a tradição religiosa afro-brasileira foi transmitida, sobretudo oralmente. As religiões de origens africanas não são religiões da escrita, do livro, da pregação, da palavra proferida em público, da oratória, do texto escrito e da revelação acabada e que a oralidade ainda é muito importante nestas religiões. Na sociedade atual, entretanto, em que a maioria das pessoas é alfabetizada, é claro que muitos conhecimentos religiosos são transmitidos e conservados por escrito também nas religiões afro-brasileiras. Este é um fator que provoca transformações estruturais nestas religiões, pois nos terreiros também a maioria dos filhos-de-santo é alfabetizada e tende a ter nível de instrução cada vez mais elevado. Já há muitos pais e filhos-de-santo que são graduados e mesmo pós-graduados nas universidades e isto parece ser é uma tendência a se ampliar. Assim cada vez mais os conhecimentos religiosos afro-brasileiros tenderão a ser transmitidos também por escritos embora os conhecimentos orais continuem sendo valorizados.
Autonomia e isolamento das casas. Em geral os pais e mães-de-santo, como os pastores evangélicos costumam ser muito ciosos por sua autonomia e as federações de culto afro não costumam ter muito prestígio, a não ser as Federações de Umbanda e assim mesmo até certo ponto. O problema maior é que cada casa se julga mais certa, mais correta e melhor do que as demais. Isto é uma característica de quase todas as religiões e parece que também é encontrada entre as igrejas evangélicas A meu ver este é um dos graves problemas para as religiões afro-brasileiras nos dias atuais, que precisa ser superado para que as religiões de origens africanas tenham maior peso e maior respeitabilidade na sociedade atual.
A partir do exemplo dos evangélicos e de outros grupos religiosos, creio que os participantes das religiões afro-brasileiras precisam se organizar, para eleger seus representantes no legislativo e conseguir melhor defesa de seus direitos. Estes representantes precisam ser bem escolhidos e exercer uma liderança positiva. Temos alguns exemplos de representantes das religiões afro eleitos no Maranhão mas ainda são poucos os representantes políticos dos cultos afro-brasileiros.
Valorização da identidade negra. No passado havia é claro resistência cultural e a preservação da identidade religiosa nos grupos de culto afro, mas praticamente não havia consciência desta valorização. Hoje é necessário que esta consciência seja assumida e divulgada. Muitos que hoje são evangélicos saíram das religiões afro-brasileiras e parece que alguns encontram maior valorização da auto-estima como negros nestas religiões que são recentemente importadas, mais divulgadas pela mídia e que não preservam valores de nossa cultura relacionados como a música, a dança, o artesanato, a culinária e a cultura popular em geral.
As religiões afro-brasileiras precisam contribuir para estimular a auto-estima entre seus participantes que devem sentir orgulho em participar destas tradições que foram herdadas dos antepassados e que são conservadas como forma de resistência cultural. Durante muito tempo estas religiões foram estigmatizadas e perseguidas pelas autoridades e pela mídia e ainda hoje continuam em grande parte mal conhecidas. É necessário que os seus participantes se sintam valorizados enquanto pessoas, como cidadãos e como guardiões de uma tradição ancestral que constitui um fator importante de definição da identidade nacional.
Sabemos que nas religiões afro todos são bem aceitos, que elas não são religiões exclusivistas, de “quem não está conosco está contra nós”, como a maioria das religiões. São tolerantes com outras religiões, aceitam as outras como diferentes, mas não como totalmente contraditórias. Seus fiéis podem freqüentar o catolicismo, o espiritismo e às vezes até religiões evangélicas, o que é mais raro, como tem sido constatado, mas não impossível como muitos pensam. A dupla pertença é comum nas religiões afro, especialmente com o catolicismo. Esta característica de tolerância frente aos outros parece-nos uma das características mais importantes das religiões afro-brasileiras e a nosso ver deve ser incentivada.
As religiões afro-brasileiras são religiões de alegria, em que se reza cantando e dançando, como os judeus faziam no templo do Rei Salomão. Na Igreja Católica na Idade Média e em parte até o séc. XVIII no Brasil, também se faziam festas e eram realizadas danças nas igrejas. Diferentemente de muitas religiões em que se reza contritamente, com as mãos postas, nas religiões afro-brasileiras se reza cantando e dançando, por isso nelas sempre se organizam muitas festas com tambores, cabaças e outros instrumentos, ou com palmas. Constata-se que atualmente também se costuma cantar e dançar em muitos cultos católicos ou evangélicos, o que as religiões afro sempre fizeram. As danças nas religiões afro-brasileiras expressam gestos que falam sobre elementos dos mitos presentes nos cânticos e na religião, muitos são cantados em língua esotérica. A performance dos rituais é bonita, alegre ou sóbria, conforme peculiaridades de cada cerimônia. Esta característica é também importante e deve ser acentuada.
Na preparação dos rituais afro-brasileiros há uma série de ensinamentos que são aprendidos como tocar, cantar, dançar, bordar, costurar, desenhar, cozinhar, preparar instrumentos, etc. Os terreiros funcionam como escolas populares onde se ensinam e se aprendem estas e muitas outras atividades úteis na vida cotidiana, que servem também para ganhar a vida, embora não se pense nem se fale em teologia da prosperidade. Estas atividades em geral se relacionam com profissões consideradas subalternas em nossa sociedade, mas transmitem uma arte, uma técnica e uma profissão. Mas a religião não é só festa, há diversos ritos que são realizados discretamente. Como se considera que festas religiosas fazem parte da cultura popular, as religiões afro-brasileiras muitas vezes são pejorativamente encaradas como mero folclore, embora seus participantes saibam distinguir claramente religião, como algo sério, de folclore que é, sobretudo, recreativo. Pode-se exemplificar no Maranhão com diferenças entre os rituais religiosos do tambor de mina e a dança folclórica do tambor de crioula. Sabemos que muitas destas manifestações da cultura popular estão também presentes nos terreiros, incluídas entre as atividades culturais das comunidades de culto, como entre outros, festas de tambor de crioula, de bumba-meu-boi, apresentação de autos do pastor, festa do Divino, queimação das palinhas do presépio, etc. Parece importante que estas atividades continuem a ser realizadas nos terreiros como manifestações culturais importantes da região em que estamos inseridos e tais atividades estão presentes nas casas de culto.
Em decorrência do processo de globalização e por outros fatores, um dos temas que atualmente começa a ser debatido pelas ciências sociais é o turismo. Na antropologia e nas ciências sociais parece que vigorava até pouco tempo uma certa aversão ao fenômeno do turismo, como algo oposto ao trabalho de campo da pesquisa científica e de fato há grandes diferenças entre a curiosidade do turista e a do pesquisador, embora enquanto viajantes a procura do outro, do diferente, acabam tendo algo em comum. O turismo religioso tem sido analisado principalmente do ponto de vista das romarias a locais sacros, relacionados no Brasil, sobretudo com o catolicismo popular. Existe, entretanto, também um turismo religioso incipiente relacionado com as religiões afro-brasileiras, que ainda tem sido pouco estudado.
Como em outras regiões atualmente no Maranhão o turismo é uma realidade em expansão que contem elementos negativos e positivos. Depois de tombada pela UNESCO como patrimônio da Humanidade, a cidade de São Luís tem sido procurada por interessados nas belezas de seu acervo arquitetônico, do folclore e do turismo cultural. Neste aspecto os terreiros de culto afro constituem uma atração, como ocorre em outras capitais antigas do país, que receberam influência africana. Secretarias de Turismo, o SEBRAE e outros órgãos têm realizado estudos em alguns terreiros para servir de orientação a turistas que buscam informações sobre os mesmos. Entre as conseqüências do turismo para os terreiros, considera-se que pode ajudar a combater preconceitos, divulgar e tornar mais conhecida a religiosidade popular, desenvolver laços temporários de amizade e talvez mesmo trazer algumas ajudas em dinheiro.
Não estamos de acordo que hajam rituais religiosos em que os turistas paguem 40 ou 50 Euros para assistir, como temos notícias que vem ocorrendo em algumas casas de candomblé para turistas da Bahia. Parece preferível que haja, como em Cuba, um balé folclórico, que empregue tocadores e filhos-de-santo de terreiros e que se apresentem como artistas em palcos de hotéis e teatros. Temos dúvidas se o turismo pode ou não contribuir para desenvolver o interesse dos mais jovens em preservar a tradição dos mais velhos, mas vê-se que o turismo, sobretudo o turismo cultural constitui elemento novo que entra em cena na contemporaneidade, não pode ser deixado de lado e necessita ser estudado em relação às religiões afro-brasileiras. Há pessoas que visitam o Maranhão e o Nordeste e estão interessados em conhecer a cultura e as religiões afro-brasileiras e é preciso prever a presença dessas pessoas de forma a que elas visitem, mas não perturbem os rituais das casas de culto afro. É preciso que os pais e filhos-de-santo estejam preparados para refletir sobre influências positivas e negativas que podem ser provocadas pelo turismo nos terreiros.
Atualmente as religiões afro-brasileiras precisam estimular e participar na capacitação profissional de seus membros para que possam assumir posições sociais mais dignas e melhor remuneradas. Precisam igualmente colaborar no desenvolvimento educacional e na preservação da saúde dos participantes, bem como envolver-se em atividades de educação, saúde e capacitação do bairro e da comunidade em que estão inseridos para que haja um retorno social do terreiro à comunidade. Os terreiros sempre desenvolveram atividades relacionadas com a saúde e a educação, mas estas atividades hoje necessitam ser mais formalizadas, difundindo-se hábitos de higiene bem como a valorização das medicinas alternativas.
A ecologia atualmente é um tema que exige o envolvimento de todos em vista à salvaguarda do planeta que preocupa a todos. As divindades das religiões de origens africanas estão relacionadas e protetoras das forças da natureza. Assim é um dever de todo o povo-de-santo respeitar e proteger a natureza. Os rituais realizados em praias, rios, lagos, cachoeiras e matas devem se realizados com respeito à natureza, evitando-se formas desnecessárias de poluição com o abandono de resíduos de velas e de objetos rituais e de consumo.
Um problema que as religiões afro-brasileiras atualmente enfrentam em todo país é o preconceito e as perseguições das igrejas neopentecostais, através da mídia protestante e por outros meios. A partir dos anos de 1970 e 1980 as religiões afro-brasileiras passaram a ser menos perseguidas e começaram a ser mais respeitadas. Justamente desde este período as igrejas evangélicas passaram a desrespeitar a liberdade religiosa e a difamar as religiões afro. É preciso que os terreiros conheçam seus direitos e saibam se defender quando atacados. Procurem amigos, advogados e a mídia para se defender destes ataques.
Em suma constatamos que no presente há inúmeras atividades e funções que se apresentam as religiões afro-brasileiras e elas precisam se adaptar melhor ao mundo atual. É preciso por isso que seus adeptos e seguidores se afirmem como participantes das religiões de origens africanas e assumam esta participação diante dos outros, das autoridades, do recenseamento para que sua religião tenha maior visibilidade na sociedade e se beneficie desta visibilidade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

PALESTRA DE ABERTURA - Por Professor Neto Fonseca


ETICA NAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E VARIANTES.
Professor Firmino Fonseca – NETO FONSECA

Geógrafo
Especialista em Gestão Ambiental
Especialista em Gestão de Qualidade ISO 9001:2000
Presidente do Centro Cultural DANBIRAXÉ – CCDAN
Secretário Geral da Associação Cultural AXÉ DAS YABÁS - ACAY
Coordenador Geral da Coordenação Amazônica de Religiões Africanas e Ameríndias –CARMAA/ Núcleo Maranhão.


ÉTICA
Originada do grego ethos (modo de ser, caráter), e do latim mos (costumes, de onde deriva a palvra moral). Em filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade. Entender o sentido de ser ético contribui para estabelecer a natureza dos deveres no relacionamento do indivíduo-sociedade.

MORAL
É o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteam o comportamento do indivíduo no seu grupo social.
Moral e ética não devem ser confundidos : enquanto a moral é normativa, a ética é teórica, busca justificar costumes de uma sociedade, e fornece subsídios para solucionar seus problemas mais comuns.
Ética também não deve ser confundida como lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir normas éticas, nem sofrer sanção por desobediência a estas.
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo ser humano possui senso ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Existem sempre comportamentos justificáveis sob a ótica do certo e do errado, do bem e do mal. Embora relacionada com o agir individual, essas classificaçãoes têm relações com matrizes culturais e contextos históricos.
A ética está relacionada a opção, ao desejo de realizar algo a vida, mantendo relações com os outros relções justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas idéias de bem e virtude enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Idéias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido, definem nossa realidade.
Em nossas relações cotidianas sempre estamos diante de problemas do tipo: devo dizer a verdade ou existem ocasiões que posso mentir? Será que é correto tomar tal atitude? O homem é um ser-no-mundo, que só realiza sua existência no encontro com outros homens, sendo que , todas as nossas ações e decisões afetam as outras pessoas. Nesta co-existência naturalmente tem que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação. Estas regras no grupo indicam os limites em relação aos quais devemos nos submenter. São códigos culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem.
Falar de ética dentro do contexto religioso nos impulsiona a separar o bem do mal. Falar de religiões de matriz afircana e suas variações devemos nos distanciar de valores cristãos como pecado, ja que esta palavra não diz respeito à nossa prática religiosa. As religiões afro-descendentes possuem normas que nem sempre são do conhecimento dos Pais, Mães e filhos-de-santo. Para sociedade externa ao campo de ação do axé, estas normas, condutas nem existem. Ora como podem dizer que não temos normas em nossa prática se cultuamos a natureza e de lá apanhamos nosso fonte de força, nossa energia. Os elementos que retiramos do espaço natural ou transformado a ele é devolvido sem desencadear desenquilíbrio ecológico. Os saberes ancestres legados pela oralidade nos conduzem a comportamentos relacionais baseados em respeito mútuo. Tais saberes, transmitidos na convivência dos terreiros, nos processos iniciáticos, nas cerimônias públicas versam sobre aceitação, inclusão e sentido de pertença. As religiões afro-brasileira possuem um corpo doutrinário, uma visão de mundo própria que muitos praticam sem perceber que são normas de conduta. É claro que com a modernidade, a facilidade de contato entre espaços acelera o contato com outros povos e novas culturas que podem levar a idéia de homogeinização, fato que discordo, pois a sustentabilidade da nossa crença está na fidelidade a tradição. Contudo, a perpetuação da tradição depende da educação de axé, aquela que se recebe a partir do momento que se “nasce para vida religiosa dentro do santo”.
Vivemos uma crise ética, um momento tenso, marcado pelo individualismo com perigosa quebra de valores coletivos, comunitários e solidários. Nesse contexto vemos as religiões afro-descendentes reféns de um projeto de descrença e desmoralização por algumas igrejas pentecostais e neo-pentencostais que lançam mão do poder econômico e tecnológico e disseminam 24h por dia discursos ideológicos negativos descredibilizando nossa tradição além do descaso do Estado.
A força desse projeto vem da fragilidade de nossas relações sociais. Será que não contribuimos com isso ao ver nossos pares como diferentes, como errados? Não há de se negar que o desvio da tradição é fato, entretanto a cultura evolui, mas a êssencia do conhecimento ancestral é imutável. É valido fala de adaptação mas é muito perigoso lançar mão da recriação, agregação e justaposição dentro da religião de matriz africana. Trocar o fogo a lenha por combustível industrializado, gás de cozinha, é muito diferente de enrolar um acaçá com papel crepom verde. Quando não se cumpre normas e se completa um período iniciatico, por pressa ou presunção é inevitável que algum momento se bata de frente com o desconhecido, neste caso“inovar”, é um forte exemplo de falta de ética dentro da nossa religião e principalmente de fraqueza de educação de axé.
Alguns exemplos de falta postura ética dentro do contexto das religiões de matriz africana:
1 – Respeitar a nação do outro, sua história, sua origem, apesar das diferenças descendemos de um mesmo espaço físico e mítico, a Mãe África;
2 –Respeitar os mais velhos é imperativo, ora se nossa crença é baseada na ancestralidade, e nosso conhecimento é milenar, assim o que fazemos no presente veio do passado, veio dos mais velhos. Talvez aquele Pai ou Mãe de santo não use um discurso formal, acadêmico, mais isto não da direito aos mais novos, que teve mais acesso a cultura formal, ignorar, desresoeitar e até mesmo ridicularizar. Quem hoje é pai, foi filho, teve ou tem avô e bisavô.
3 – Cuidado com o tratamento às visitas em dias de festa. Esta pessoa deixou outros compromissos para nos prestigiar.
4 – Não confundir a religião com quetões sexuais. Nossa religião não nos tolhe, mas o incesto é quebra de axé. Além disso, não se deve utilizar a religião para exteriorizar frustações sexuais pelo uso da autoridade para servir a seus desejos físicos, isto é assédio e dá cadeia.
5 – Temos que parar de nos ver como concorrentes, já temos inimigos demais fora do nosso contexto religioso. Não devemos nos considerar melhor ou superior ao outro. A discórdia só nos enfraquece. Por que se desfazer do outro que é do seu mesmo vodum, orixá ou encantado. As divindades não são propriedades particulares. Eles é que nos escolhem e não o inverso. Meu vodum no meu orí não tem que se comportar igual a um pai ou mãe de santo antigo para ser légítimo. Ora dois músicos ao tocarem o mesmo instrumento usando a mesma partitura o som será mais melodioso no músico mais velho. O plágio de possessão não é crime mas se configura como devaneio e insegurança.
6 – A religião não pode ser considerada como único meio de subsistência. Cobrar chão é visto com axé mas exploração é crime, é estelionato.
7 – Ser ético é aceitar suas limitaçãoes, pedir ajuda, trocar saberes. Abominável é brincar com problemas, vidas e cabeças alheias.

Poderia me estender a noite inteira pois muito se precisa melhorar. Esta é a proposta deste seminário, iniciar uma discussão seria sobre o nosso Tambor de Mina, onde estamos, o que estamos fazendo, onde iremos parar. Assim é de extrema importância a participação de cada um de vocês durante o evento, nos debates, nas discussões. Pois estaremos dando o início de um processo de construção coletiva de um código de ética dentro da nossa religião. Pois, sabemos onde estamos e temos que definir onde chegar.
Bênção dos mais velhos, benção aos mais novos, kolofé, mukuiu, megito, benói, motumbá, sarvá, mantinjáló.
Boa noite a todos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

CÂNTICO DE PEDIDO DE LICENÇA (Agô) PARA O ALMOÇO (Ajeun) - por Pai Abrahan


UMA PLATÉIA ATENTA


Painel Responsabilidade Social dos Terreiros de Matriz Africana



Da esquerda para direita:

Prof. Ivana César, socióloga, Terreiro de Mina Mamãe Oxum e Pai Oxalá, no bairro da Vila Nova,cordenadora municipal CARMAA - São Luis da área Itaqui-Bacanga/Maranhão;

Sr. Paulo Dumas, FIPPIR

Prof. Socorro Guterres, CCN - MA

Babalorixá Abrahan Klein, do Ile Axé D'Oxumaré, no bairro do Parque Vitória, coordenador municipal da CARMAA - São José de Ribmar/Maranhão;

Babalorixa Vereador José Itaparandy, Ile Axé Ita Ole,no bairro do Maiobão, coordenador da municipal da CARMAA - Paço do Lumiar/Maranhão

Babalorixá, Prof. Neto Fonseca, Geógrafo, coordenador do evento, coordenador estadual da CARMAA - Maranhão

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

I PAINEL Responsabilidade social dos terreiros de Matriz Africana


I PALESTRANTE

Babalorixá Pai Abrahan Klein, do Ilê Axé D'Oxumaré.

Pai Abrahan compartilha sua experiência de sucesso em seu axé e na comundade de entorno. Suaa ações colocaram 10 jovens no mercado de trabalho após cursos de capacitação, além de gerar auto-estima e veículo de empoderamento social com emprego e renda

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

I SEMINÁRIO FALA VODUNSI - Programação oficial






PROGRAMAÇÃO
DIA 29 DE NOVEMBRO DE 2008 – SÁBADO.

LOCAL: Praia-mar Hotel, Avenida São Marcos, Nº. 04, Ponta D’areia.
08h00 - Credenciamento

PRIMEIRO PAINEL - RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA E VARIANTES
Coordenadora da Mesa: Socorro Guterres:

08h30 - Primeiro painelista Pai ABRAHAN DE BESSEN,
Sacerdote do Kwe Vodun Bessen.

08h50 – Segundo painelista, Profª. IVANA CESAR, Socióloga, Terreiro de Mamãe Oxum e Pai Oxalá, Presidente da Associação de Culto Afro Jeje/Nagô

09h10 - Terceiro painelista, Sr. JOSÉ ITAPARANDI, Secretaria de Cultura de Paço do Lumiar – MA.

09h30 – Quarto painelista, Sr. Dr. GEORGE CAMPOS, REDE NACIONAL DE RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SAÚDE - Núcleo Maranhão.
09h50 - DEBATES COM O PÚBLICO.
10h20 – Pausa para o café

SEGUNDO PAINEL – RELIGIÃO E CIDADANIA: Nossos Direitos.

Coordenador da Mesa Dr. RODOLFO ABREU, Advogado, Ebomi do Ile Axé D’Oxumaré

- Primeiro painelista, ANA AMÉLIA MAFRA,
Secretaria de Igualdade Racial do Estado do Maranhão– SEIR.

- Segundo painelista, Professora ILMA DE FÁTIMA,
Coordenadora Educacional de Projetos Especiais para Diversidade Étnico-racial -
SEMED.

- Terceiro painelista, Srª. Iyá, VENINA D’ OGUN. Secretaria de Igualdade Racial do Estado do Maranhão.
- Quarto painelista Dr. MARCIO THADEU SILVA MARQUES, Ministério Público do Estado do Maranhão.

- DEBATES COM O PÚBLICO

12h20 – Intervalo para Almoço
TERCEIRO PAINEL – RESPEITO À DIFERENÇA - CÓDIGOS DE ÉTICA NAS RELIGIOES DE MATRIZ AFRICANA E VARIANTES: Respeitar a diferença, todos somos irmãos.

Coordenadora da Mesa: GISELE PADILHA, Fisioterapeuta, CCN.

- Primeiro painelista LINDOMAR
Sacerdote do Huegbe Toy Gbadé

- Segundo painelista Pai WENDER LOUREDO,
Sacerdote do Ilê Axé Obá Izô.

– Quarto painelista – Pai EPITÁCIO CASTRO,
Sacerdote do Terreiro de Mina Rei Sebastião.

- DEBATES COM O PÚBLICO
16h20 – Pausa para o café

QUARTO PAINEL – A SECULAIRIDADE E O TAMBOR DE MINA: Onde estamos? Para onde iremos?

Coordenador da Mesa: LUCINHA PACHECO, AKONI – Centro de Capacitação para Cidadania

- Primeiro painelista Prof. Dr. SERGIO FERRETI, Antropólogo – UFMA.

Sacerdote da Casa Fanti-Ashanti.

- Terceiro Painelista PAULO DUMAS,
Fórum Intergovernamental de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Coordenador Estadual de Gestores Municipais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

- Quarto Painelista Dr. ALBERTO JORGE RODRIGUES DA SILVA, Coordenador Regional da Coordenação Amazônica de Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias – Manaus/AM, Psicólogo Clínico Especialista, Vodunsi He na nação Mina Jeje/Nagô.

17h50 - DEBATES COM O PÚBLICO

18h20 - Coquetel

18h30 - ENCERRAMENTO