
Embora a religiosidade de origem africana seja reconhecida como uma importante característica da identidade nacional, os praticantes da Umbanda, Terecô, Tambor de Mina e Candomblé ainda são vítimas do preconceito no Brasil contemporâneo. Para alertar a sociedade para esse fato, o 21 de janeiro foi incluído no calendário cívico como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
A data é uma homenagem à memória de Mãe Gilda, yalorixá do Terreiro Abassá de Ogum, um dos mais tradicionais da Bahia. Ela teve sua fotografia publicada em um jornal evangélico de grande circulação, associada ao charlatanismo. Depois de sofrer a invasão e depredação de seu templo religioso, a mãe de santo apresentou problemas de saúde que culminaram com a sua morte, provocada por um infarto, em 21 de janeiro de 2000.
O FATO:
Por decisão unânime, a 4ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) condenou a Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) a pagar por danos morais a indenização de R$ 145,25 mil aos filhos e marido da mãe-de-santo Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum, de Nova Brasília.
A Folha Universal, porta-voz da igreja, na edição de 26 de setembro a 2 de outubro de 1999, publicou a reportagem “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”, tendo como ilustração foto da Mãe Gilda, com uma tarja preta sobre os olhos dela.
O jornal usou uma foto que tinha sido publicada pela Veja, em uma notícia sobre a participação da mãe-de-santo em um manifestação a favor do impeachment do presidente Collor.
Abalada, a Gilda morreu de enfarto no ano seguinte, e seus familiares recorrem à Justiça contra a igreja do bispo Edir Macedo.
Antes, em 1992, o próprio bispo ficou preso 11 dias sob a acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. Naquela época, Edir já era tido como um espertalhão que explorava a ignorância dos pobres – a mesma acusação que depois a Folha Universal faria aos 'macumbeiros'.
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