domingo, 19 de abril de 2015

ENSAIOS CULTURAIS ITINERANTES NO BAIRRO DA LIBERDADE

Cultura Viva Comunitária -
ENSAIOS ITINERANTES NO BAIRRO DA LIBERDADE
Ontem, 18 de abril de 2015, na Rua Alberto de Oliveira, na sede do Cacuriá Reboliço do Mará, aconteceu o primeiro ENSAIO INTINERANTE DE GRUPOS CULTURAIS DA LIBERDADE. Essa iniciativa é fruto de uma ideia conjunta de quatro amigos produtores culturais da área: Hermeson do Grupo de Dança Portuguesa Tradição de Portugal, do João Carlos do Baile de Caixa, Lúcio do Cacuriá Reboliço do Mará e Genilson da Qaudrilha Asa Branca. Todas estas brincadeiras da cultura popular maranhense compõe o Eixo Cultural Camboa – Liberdade – Fé em Deus. A idéia, segundo os organizadores, é integrar as brincadeiras da área para visibilidade e ajuda mútua para superar os entraves e dificuldades da produção cultural em São Luis.
Na ocasião os organizadores falaram conosco sobre o projeto.


(Hemerson - Dança Portuguesa Tradição de Portugal)

“Esse primeiro ensaio é o início de uma série de outros que vai até 06 de junho. Cada brincadeira recebe os outros grupos em sua sede para ensaios, cada uma se apresentando por vez. Esse ação além de dar visibilidade a cultura da Liberdade eleva a autoestima dos brincantes que são na maioria jovens. Fortalece laços de amizade, sentimento de pertencimento ao espaço. O projeto não é fechado para outros grupos, pelo contrário, o objetivo é incluir e agregar cada vez um número maior de brincadeiras. O contato entre os grupos com suas características próprias proporciona troca de saberes e experiências” afirmou Hemerson da Dança Portuguesa.


Para João Carlos do Baile de Caixa da Fé em Deus o projeto permite conseguir recursos para dar suporte ao período junino.

(João Carlos - Baile de Caixa Fé em Deus)
“Com os ensaios é possível a venda de bebidas e comidas além de oferecer um momento de divertimento à comunidade. Gera renda aos grupos o que fará muita diferença na preparação para os festejos juninos, já que a ajudo do poder público é muito pequena. O projeto traz visibilidade aos grupos e mobiliza a comunidade, pois apesar da chuva tem muita gente prestigiando e não houve divulgação”

Percebe-se nas declarações dos grupos que para continuar fazendo cultura é preciso criar estratégias ante a falta ou pouco apoio do Governo. A política cultural maranhense é focada no produto (apresentação) e não no processo de produção. O apoio se limita ao pagamento de cachês baixos para apresentações no período junino e só são efetivados meses depois.

O Lucio, presidente do Cacuriá Reboliço do Mará disse que o projeto visa a primeira instância a integração entre brincantes dos diversos grupos.


(Genilson da Quadrilha Asa Branca e Lúcio do Cacuriá Reboliço do Mará)

“A juventude precisa conhecer a diversidade cultura do bairro e se reconhecer nela. É essa juventude que dará continuidade desses saberes e fazeres culturais. O nosso bairro é estigmatizado como violento. Estamos numa periferia invisibilizada socialmente, e a cultura é uma estrada para mudança de qualidade de vida e uma forma de prevenção aos danos sócias. Este evento é a festa de juventude que integra e motiva para participação de outros jovens.



SERVIÇO

25/04 - Ensaio na sede do Baile de Caixa da Fé em Deus
02/05 - Ensaio na Praça do Japão com a Dança Portuguesa Tradição de Portugal
09/05 - Ensaio na Brasília da Liberdade com a Quadrilha Asa Branca
16/05 - Ensaio na Liberdade na sede do Cacuriá Reboliço do Mará
23/05 - Ensaio na sede do Baile de Caixa da Fé em Deus
30/05 - Ensaio na Praça do Japão com a Dança Portuguesa Tradição de Portugal
06/05 - ENCERRAMENTO - Ensaio na Brasília da Liberdade com a Quadrilha Asa Branca

O TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO SOCIAL

TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO.


Registrado em 2007 com patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial o Tambor de crioula é uma expressão da cultura popular maranhense de raízes africanas. O título de patrimônio deu maior visibilidade a manifestação elevando a autoestima dos praticantes (detentores), os coreiros. Além disso permite o diálogo com o poder público nas ações de proteção da forma de fazer o tambor denominada Política de Salvaguarda. Entretanto, ações de salvaguarda se configuram quando qualquer iniciativa provoque resultados que levem ao fortalecimento da brincadeira. É o caso do Tambor de Crioula Arte Nossa em São Luis.

Conversamos com sua Diretora Simei Dantas que falou do projeto de inclusão social de jovens e crianças através do Tambor de Crioula.

Simei Dantas - Tambor de Crioula Arte Nossa

MATRIZES - O QUE SERIA TAMBOR DE CRIOULA COMO INCLUSÃO SOCIAL?

Simei Dantas - Precisamos desconstruir a imagem de que o tambor de crioula é associado a bebida, droga, vadiagem. Eu vejo o tambor de crioula, enquanto cultura popular, ao modelo de outras expressões como música, dança e o teatro, tem poder de transformação social. Enquanto herança ancestral inclui a criança e o adolescente dentro de sua própria realidade sociocultural. Não trabalhamos só a dança e a música, trabalhamos a educação. Precisamos construir cidadãos plenos de direitos. E essa cidadania é trabalhado tendo como pano de fundo essa transmissão de sabares.
A base do nosso trabalho é o estabelecimento de vínculos, regras de convivência, desenvolvendo atitudes de zelo e respeito pelo outro e o sentimento de pertença à partir da expressão cultural.
MATRIZES - QUAL É O PÚBLICO ASSISTIDO PELO PROJETO?
Simei Dantas - Trabalhamos com crianças em várias situações de risco social. No momento que estas crianças entram em contato com esse ambiente acolhedor e educativo constrói-se referenciais positivos de vida.
Trabalhamos a cultura como instrumento de defesa dos direitos da criança e do adolescente, por isso DIG NÃO A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL.

MATRIZES - NO CASO DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL QUAL SUA OPINIÃO?
Simei Dantas – Lugar de criança é na escola. Cada adolescente em risco social tem um histórico complicado, difícil. Defendo a funcionalidade da rede de proteção à criança e ao adolescente, isto é, eficácia dos programas sociais destinados a sua proteção.
Se a família não tem como tutelar essa criança ou adolescente o Estado deve assumir de forma eficaz essa função. Tudo tem um princípio. O adolescente infrator não nasce assaltante. Quando criança é aliciado e usado para prática de crime.
A redução da maioridade penal só vai mascarar uma questão social e a impunidade não diminui. O resultado disso é o extermínio do jovem, negro, pobre da periferia.
MATRIZES – METODOLIGIA O PROJETO UTILIZA?
Simei Dantas – A ludicidade é aplicada a partir da diversidade de dimensões da expressão tradicional Tambor de Crioula, o que eleva a autoestima e fortalece o sentido de pertença. Com adolescentes trabalhamos temáticas que envolvem seu dia-a-dia – enfretamento e combate a droga, sentido de pertencimento, combate ao estigma de sub-cidadania.
MATRIZES – SUB-CIDADANIA?
Simei Dantas – Aquele que não tem direito, invisível social.

MATRIZES – DEIXA UMA MENSAGEM AOS QUE FAZEM CULTURA NO MARANHÃO.
Simei Dantas – Entendo que o produtor cultural deve ir além do produto comercial de suas atividades, deve interferir na realidade social usando a cultura como veículo de transformação.