sexta-feira, 19 de agosto de 2016

LANÇAMENTO DO CD DO TAMBOR DE CRIOULA ARTE NOSSA



Fortalecimento da Cultura Popular Tradicional do Maranhão

Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão

RELEASE
Dia: 19 de agosto 2016
Hora: 19 horas.
Local: Praça Nauro Machado – Praia Grande / São Luis – Maranhão

O Tambor de Crioula do Maranhão é uma expressão da cultura popular tradicional marcada pela herança afrodescendente. Reconhecido pelo Governo Brasileiro em 2007 como PATRIMONIO CULTURAL IMATERIAL através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN o Tambor de Crioula do Maranhão é um misto de fé, devoção, diversão e espetáculo. Formado por coreiros e coreiras a manifestação se caracteriza por uma dança circular ritmada pelo toque de três tambores e dançada só por mulheres com belas saias coloridas remontando a memória da ludicidade das senzalas no período escravocrata que aliviavam o sofrimento.
O Grupo de Tambor de Crioula Arte Nossa nestes 13 anos de existência prima pela originalidade e tradição da manifestação tambor de crioula mas também realiza um trabalho de inclusão social pela cultura.
O grupo Arte Nossa é um ponto de cultura oficial no Estado com vários prêmios nacionais o Grupo de Tambor de Crioula Arte Nossa realiza um trabalho sociocultural com crianças em risco social na educação complementar, na formação para cidadania e principalmente na valorização da cultura através do fortalecimento e valorização da identidade para preservação da herança cultural do Tambor de Crioula.
Assim, o Grupo de Tambor de Crioula apresenta mais um resultado do trabalho de salvaguarda (promoção e preservação) do Tambor de Crioula do Maranhão com lançamento do seu primeiro CD sobre as toadas (cantigas) bem como percussão da manifestação. O CD é um produto do Prêmio FUNARTE de música brasileira.
O evento contará ainda com outras expressões da cultura tradicional maranhense:
Bumba Meu Boi de Zabumba Unidos Venceremos
Bumba Meu Boi União da Baixada sotaque da Baixada
Bumba Meu Boi da Pindoba Sotaque da Ilha
Tambor de Crioula de Dona Seguins.
O evento também contará com Mostra Artesanal do Maranhão pelo Programa Artesanato Brasil no Maranhão – PAB.
Contamos com todos e “Viva São Benedito”
Coordenação: Júnior Catatau e Simei Dantas
Apoio Cultural: SECTUR - MA / SECULT – São Luis

domingo, 22 de maio de 2016

FESTA DO DIVINO DO MARANHÃO



A festa do Divino Espírito Santo é um ritual do Catolicismo que possui características específicas em diferentes regiões. No Maranhão apresenta características marcantes e bastante peculiares a presença marcante de mulher es - as caixeiras, que tocam instrumentos musicais denominados caixas do Divino. Tem sua maior representação em Alcântara, município maranhense, mas ocorre um grande número e casas na Capital São Luis. A época de realização da festa varia com as casas, iniciando-se a partir do domingo de Pentecostes – entre maio e junho, e continuando até inícios do ano seguinte. Segundo estimativas do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, órgão vinculado a Secretaria de Estado da Cultura, são realizadas anualmente mais de uma centena de festas do Divino em São Luís. Algumas poucas pessoas também organizam a festa em suas casas.

As caixeiras constituem elemento imprescindível e típico da festa do Divino no Maranhão. São senhoras idosas com o encargo de tocar caixas e entoar cânticos, repetidos de cor ou improvisados, em louvor ao Divino Espírito Santo. Costumam fazer isso por promessa ao longo da vida e vinculam-se a um grupo de seis a dez ou mais pessoas, que anualmente toca em diversas casas, sob a liderança da caixeira régia, ajudada pela caixeira mor. Normalmente as caixeiras não recebem remuneração, mas são muito valorizadas. Recebem alimento, algum dinheiro para transporte, vestimentas iguais em algumas festas e são agradadas com presentes e mantimentos. Além de tocar e cantar, elas dançam com as bandeireiras diante do trono e do mastro.



A abertura da tribuna, o buscamento e o levantamento do mastro são etapas preparatórias da festa que, como vemos, é extremamente ritualizada. A abertura da tribuna é um ritual quase privado, do qual participam poucas pessoas envolvidas. É realizado numa tarde de domingo durante algumas horas, geralmente no Domingo de Páscoa, após o Sábado de Aleluia; no domingo seguinte, dito da Pascoela; ou algumas semanas antes da data da festa. Nesse ritual aparecem, de modo evidente, vários outros símbolos da festa, como a pomba, a coroa, as caixas e bandeiras, que são colocados diante ou sobre o altar católico do terreiro ou na tribuna. As caixeiras se reúnem com o império, usando ainda roupas comuns e iniciam os toques de abertura. Parentes das crianças acertam detalhes e preparativos, combinando dias e encargos das visitas.



O buscamento do mastro costuma ser realizado num do mingo antes do início da festa. O mastro, colhido previamente pelo doador em pagamento de promessa, é levado para uma casa próxima. O buscamento constitui um ritual predominantemente masculino, realizado por homens amigos da casa, que se reúnem para carregá-lo, distribuindo-se bebidas alcoólicas e fazendo brincadeiras com conotações eróticas relacionadas a elementos fálicos. As caixeiras, o império, familiares e pessoas da casa acompanham o cortejo, tocando e cantando salvas alusivas ao fato, até o mastro ser colocado no local onde será erguido. Nos dias seguintes ele é preparado com folhagens e frutas, ou lixado e pintado, para ser levantado na frente ou nos fundos da casa. Uma das funções explícitas do mastro é assinalar, no bairro, que aquela casa está organizando uma festa importante. Como está próxima, combina-se com os pais das crianças e os organizadores os últimos detalhes sobre decoração, vestimentas e comidas. Pintado com cores da festa e com seu nome ou enfeitado com murtas, folhagens, frutas e bebidas, o mastro é encimado pelo mastaréu, com bandeira, com símbolos do Divino ou do santo comemorado, e, no topo, coloca-se uma pequena pomba esculpida em madeira. No mastaréu coloca-se sempre um bolo de tapioca. As caixeiras, o império, os padrinhos e outros encarregados batizam o mastro antes de ser erguido, dando voltas ao seu redor com vela, toalha, rezas e cânticos. Algumas vezes, nesse dia, durante a ladainha, também se batizam novas caixas que serão utilizadas na festa.




O levantamento do mastro assinala o começo da festa. É feito à noite, com ladainha, batismo, padrinhos, império, caixeiras, música e grande animação, reunindo bastante gente. A cerimônia do levantamento exige perícia e coordenação do trabalho de vários homens, encarregados de cavar o buraco e erguer o mastro com cordas e escadas. Costuma-se servir bolo, mingau, café e refrigerantes. A partir desse dia, intensificam-se os preparativos da festa com o preparo de doces e comidas, pintura da casa, arrumação do trono e das tribunas e todos os últimos detalhes. Quando o mastro está erguido e a casa está em festa, é costume haver, diariamente, uma salva de caixas ao amanhecer, ao meio dia e ao anoitecer, denominadas de alvoradas. Também costumam ser realizadas, nesse período, duas ou três visitas às casas dos mordomos e do império, com oferta de doces e refrigerantes.

A antevéspera e a véspera da festa são dias de trabalho intenso. Matam e salgam bichos de quatro pés, geralmente vários porcos e até boi; muitas galinhas e patos e se prepara grande parte da comida. Diversas pessoas passam a noite cozinhando, confeitando bolos, na decoração de mesas, do altar e dos tronos ou tribuna. Na manhã do dia da festa, marca-se o encontro na igreja em que é celebrada a missa. As crianças comparecem, pela primeira vez, com as vestimentas do império, acompanhadas de seus familiares. As caixeiras assistem à missa com grande número de acompanhantes e freqüentadores. Até inícios dos anos oitenta era comum, em São Luís, as caixeiras deixarem as caixas na porta da igreja. Hoje costumam entrar com as caixas, algumas vezes tocam uma salva no fim da missa e tiram fotos com o império ao lado do padre.


Após a missa, realiza-se um cortejo solene até a casa da festa. Consegue-se ônibus para levar e trazer o pessoal até parada próxima, de onde, na volta, o cortejo continua até o terreiro, acompanhado alternadamente pelo toque das caixeiras e algumas vezes por banda de música, desfilando com pompa, precedido por criança s que agitam bandeiras com símbolos do Divino e cores da festa. Soltam-se foguetes no caminho, sendo todos recebidos, solenemente, na porta da casa. Chegando da igreja, o império saúda o mastro, é instalado na tribuna e saudado pelas caixeiras. Costuma-se servir chocolate com bolo aos presentes.



A derrubada do mastro é uma das etapas rituais importantes que assinalam a finalização da festa. Costuma ser feita no início da noite do segundo dia, seguida ou antecedida por ladainha solene. Com toques de caixas e a presença do império, o mastro é derrubado por vários homens, acompanhado por vivas, palmas e fogos de artifício. Como o levantamento, a derrubada exige perícia dos homens encarregados desse serviço. Geralmente ficam suados, tiram a camisa e demonstram orgulho pelo trabalho árduo que executaram, observados pelas mulheres, crianças e pelo público, acompanhado de aplausos, toques de caixas e da banda de música. Após a derrubada, o mastaréu e a bandeira são entregues, pela organizadora, aos futuros padrinhos do mastro no próximo ano.

Depois, as caixeiras se reúnem diante da tribuna para proceder a entrega das posses do império aos próximos imperadores e mordomos, com toques, cânticos e lágrimas das crianças que deixam os cargos. O fechamento da tribuna assinala o término da festa, com as caixas sendo arriadas ao chão.






sexta-feira, 8 de abril de 2016

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO MARANHÃO SE REÚNE EM SÃO LUIS



Nos dias 23 e 24 de março de 2016, os membros do plenário do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão - CONSEC, reuniu-se no Auditório Casa do Poeta, no Museu da Memória Republicana, Convento das Mercês, para deliberar os rumos da condução da política cultural Maranhense em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e contou com a presença dos gestores da pasta e do próprio Secretário de Cultura e Turismo, Diego Galdino, nos dois dias.
O Secretário, em suas falas ratificou o compromisso de uma gestão transparente, democrática e inovadora onde o CONSEC é elemento fundamental na condução do processo.
"Penso que nenhuma política pública é eficiente, democrática e exequível sem a participação popular, e o Maranhão tem a peculiaridade de apresentar uma das maiores diversidade de linguagens na área, por isso o Conselho Estadual de Cultura que é a instância legítima de representação e controle social" afirmou o Secretário.

Entre as decisões foram aprovada 01 resolução e publicadas 02 portarias com a finalidade de subsidiar a gestão.
O presidente do CONSEC disse que o Conselho atuará de forma parceira mas irá cumprir sua prerrogativas regimentais que é de deliberação, normatização, consulta e fiscalização já que o CONSEC são os ouvidos e a voz da comunidade cultural do Estado.



RESOLUÇÃO Nº 001/2016

O CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO MARANHÃO, no uso de suas atribuições legais e regimentais e que lhe são conferidas no art. 1º, e art. 2º, parágrafo IX, da Lei nº 8.319, publicada em 12 de dezembro de 2005, do Decreto nº 24.720 de 03 de novembro de 2008, e Decreto nº 29.346 de 09 de setembro de 2013;

CONSIDERANDO que a Política Pública para a área da Cultura deva promover diálogos interculturais, nos planos local, regional, nacional e internacional, observando as diferentes concepções de dignidade humana, presentes em todas as culturas, como instrumento de construção da paz, moldada em padrões de coesão, integração e harmonia entre os cidadãos, as comunidades, os grupos sociais, os povos e nações;

CONSIDERANDO o direito das populações maranhenses à diversidade cultural e em prol do incentivo a todos que fazem a cultura como forma de desenvolvimento sustentável;

CONSIDERANDO que deve-se democratizar o acesso e garantir a inclusão das manifestações culturais do Maranhão nos projetos e eventos institucionais promovidos pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo do Maranhão;
CONSIDERANDO ser premissa à Política Pública para a área da Cultura promover e proteger as infinitas possibilidades de criação simbólica expressas em modos de vida, crenças, valores, práticas, rituais e identidades;

R E S O L V E:
Art. 1º Ficam instituídas as Câmaras Técnicas para subsidiar a definição de políticas públicas para cultura para os segmentos culturais representados no CONSEC:
I - Artes Cênicas (Teatro, Dança e Circo)
II – Música
III – Audiovisual, Artes Visuais
IV – Memória e Documentação, Livro e Literatura
V – Culturas Populares, Culturas Tradicionais e Patrimônio Cultural

Art. 2º Ficam instituídos os Grupos de Trabalho formado por membros do CONSEC para subsidiar tomada de decisão sobre temas transversais relacionadas à área cultural:
I - Legislação (Implementação e monitoramento do Plano Estadual de Cultura, Revisão do Regimento Interno do CONSEC, Revisão da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Lei Criação do CONSEC);
II - Acompanhamento de Políticas Públicas
III - Avaliação e acompanhamento de projetos institucionais

Art. 3º O CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO MARANHÃO baixará Portaria nomeando os membros que comporão a Comissão de que trata a presente Resolução, a partir de indicação dos seus membros.
Art. 4º Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

São Luís, 24 de março de 2016.


WYBSON JOSÉ PEREIRA DE CARVALHO
Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão



PORTARIA Nº 001 DE 24 DE MARÇO DE 2016

O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO MARANHÃO - CONSEC, no uso de suas atribuições legais e regimentais e que lhe são conferidas no Decreto nº 29.346 de 09 de setembro de 2013,

R E S O L V E:

Art. 1º Designar os membros para compor as Câmaras Técnicas do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão CONSEC:
I - Artes Cênicas (Teatro, Dança e Circo)
Manoel Marcos França Silva, Valdiner Barros Costa, Juliércio Jander Diniz Azevedo, Telvany Frazão de Araújo, Imira Reis Brito, Edvan da Silva Oliveira

II – Música
Carlos Magno Costa dos Santos, Armando Nobre da Silva, Vanessa Barbosa Leite, Ricardo Tamanini, Celso Rodrigo Gonçalves Reis

III – Audiovisual, Artes Visuais
Claudyo Jackson Damasceno Simão, Cleonildes Beserra de Magalhães

IV – Memória e Documentação, Livro e Literatura
Wybson José Pereira de Carvalho, Maria Cléa de Jesus Barros, Paulo Roberto Campos Lima, José Roberto Almeida, José Roberto Almeida, Thiago Gomes Viana, Carlos Wellington Soares Martins

V – Culturas Populares, Culturas Tradicionais e Patrimônio Cultural
Firmino Inacio Fonseca Neto, Francinete Santos Braga, Pedro César Santos Sousa, Renilson Ribeiro Pereira, Caroline Karla Cruz Peixoto, Osório Mendes Neto, Mauro André Viana Pinto, José Augusto Silva Serra, Raphael Gama Pestana, Alfredo Alves Costa Neto
Art. 4º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

DÊ-SE CIÊNCIA,
PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA, EM SÃO LUÍS, 24 DE MARÇO DE 2016.
WYBSON JOSÉ PEREIRA DE CARVALHO
Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão


PORTARIA Nº 002 DE 24 DE MARÇO DE 2016

O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DO MARANHÃO - CONSEC, no uso de suas atribuições legais e regimentais e que lhe são conferidas no Decreto nº 29.346 de 09 de setembro de 2013,

R E S O L V E:
Art. 1º Designar os membros para compor as Grupos de Trabalho do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão CONSEC:
I - Legislação (Implementação e monitoramento do Plano Estadual de Cultura, Revisão do Regimento Interno, Lei de incentivo e Lei do Conselho):
Wybson José Pereira de Carvalho, Maria Cléa de Jesus Barros, Thiago Gomes Viana, José Roberto Almeida, Imira Reis Brito, Carlos Magno Costa dos Santos
II - Acompanhamento de Políticas Públicas:
Renilson Ribeiro Pereira, Osório Mendes Neto, Pedro César Santos Sousa, José Augusto Silva Serra, Ricardo Tamanini, Marcos Jânio de Sousa (Márcia Jane),
III - Avaliação e Acompanhamento de Projetos Institucionais;
Juliércio Jander Diniz Azevedo, Claudyo Jackson Damasceno Simão, Valdiner Barros Costa, Telvany Frazão de Araújo, Edvan da Silva Oliveira, Francinete Santos Braga, Mauro André Viana Pinto, Cleonildes Beserra de Magalhães, Manoel Marcos França Silva, Armando Nobre da Silva, Paulo Roberto Campos Lima, Caroline Karla Cruz Peixoto, Firmino Inacio Fonseca Neto, Carlos Wellington Soares Martins


Art. 2º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

DÊ-SE CIÊNCIA,
PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA, EM SÃO LUÍS, 24 DE MARÇO DE 2016.
WYBSON JOSÉ PEREIRA DE CARVALHO
Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão

CRIME BÁRBARO CONTRA ARTISTA MARANHENSE



A bailarina Ana Lucia Silva Duarte (foto) foi assassinada na madrugada deste sábado, 26 de março, no km 15 da BR-135.

Ana Duarte era uma pessoa querida na comunidade de artistas e produtores culturais de São Luís.

Ela foi vítima de latrocínio (assalto seguido de morte) em um dos trechos de quebra-molas e buracos da rodovia.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Atuação do GTIT contribui para a preservação das tradições dos Povos de Terreiros



Testemunhos da resistência cultural, os terreiros são tidos como espaços sagrados para as comunidades tradicionais de matriz africana. De acordo com a professora Márcia Sant’Anna, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), essa forma de organização religiosa constituiu-se no Brasil, a partir do século XIX, como uma das principais fontes de informação histórica e cultural sobre o processo de construção da sociedade brasileira.

Os terreiros abrigam, ao longo dos séculos, um universo simbólico rico em tradições. São danças, cantos, poesias (oriquis), mitos, rituais e organizações espaciais que mantêm vivas as memórias ancestrais.

Cumprindo o papel para preservar e salvaguardar os bens culturais brasileiros, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) criou, em 2013, o Grupo de Trabalho Interdepartamental para Preservação do Patrimônio Cultural de Terreiros (GTIT). A iniciativa se fez necessária, devida a inexistência de políticas de patrimônio cultural voltadas às manifestações e a crescente identificação e proteção relativas aos bens culturais dos povos e comunidades de matriz africana.

Com o objetivo de aproximar os servidores dos assuntos abordados, foram definidas ações prioritárias ao GTIT, como a capacitação dos servidores do Iphan que lidam diretamente com o tema; elaboração de nota técnica para orientação de processos de tombamento e/ou registro; apoio ao cumprimento das metas assumidas no Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana 2013-2015; e suporte para conclusão dos processos de tombamento abertos.

Dessa maneira, desde junho de 2015, a primeira parte deste projeto tem sido executada. Para compreender o funcionamento e a estrutura desses lugares de culto, conhecidos como terreiros, roças, casas, ilês e outros ambientes indispensáveis às práticas religiosas desses grupos, o GT vem promovendo a Capacitação Interna para Gestão do Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais.



VEJA O VÍDEO EM https://www.youtube.com/watch?v=dNpa3xFIED8

Com o debate sobre políticas de preservação do patrimônio cultural aplicadas ao universo das tradições de matriz africana, Márcia Sant’Anna, que já atuou no Iphan também, participou da aula inaugural de capacitação. E respondeu a uma das dúvidas mais corriqueiras: “por que os terreiros são patrimônio?”. Nas palavras dela, “os terreiros são um bem cultural completo, ali estão elementos materiais, naturais e imateriais do patrimônio”.

Conversas coordenadas com representantes de nove tradições tiveram continuidade ao longo dos meses. Participaram as nações Keto, Angola, Egungun, Jarê, Jurema Sagrada, Xambá, Jêje, Nagô, Tambor de Mina e Batuque, encerrando 2015 com dez encontros de capacitação que trouxeram contribuições para a elaboração de diretrizes para identificação e reconhecimento do patrimônio cultural dos povos de terreiros pelo Iphan.

Tombamento e INRC
Uma das metas do Plano 2013-2015 é em relação ao acompanhamento de processos de tombamento dos terreiros existentes no Brasil, juntamente, com a produção do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). O GTIT trabalhou em dois processos de tombamento que foram tombados:

Terreiro de Candomblé Casa de Oxumaré (Salvador/BA)

Terreiro Seja Undê – Roça do Ventura (Cachoeira/BA) E está em fase de conclusão de mais dois:

Terreiro Omo Ilê Aboulá (Itaparica/BA) será apreciado pelo conselho na próxima reunião no dia 25 de novembro de 2015.

Terreiro Obá Ogunté - Sítio Pai Adão (Recife/PE)

Também foram realizados inventários que mapearam casas de terreiros como as do Distrito Federal, além de outras ações que estão em andamento em outros estados. Isso possibilita uma compreensão da diversidade relacionada às diversas regiões do território nacional.

Gestão Integrada do patrimônio cultural do povos de terreiros
Está em andamento o Curso de extensão em gestão e salvaguarda do patrimônio cultural de terreiros. O curso visa proporcionar o aprofundamento das reflexões acerca da salvaguarda compartilhada do patrimônio cultural, tendo como eixos de formação as noções de territorialidade, gestão do patrimônio, sustentabilidade, residência social e a construção de planos de preservação. Além disso, fortalece o intercâmbio e as redes de solidariedades entre as comunidades de terreiro que, atualmente, são acompanhadas por instituições de salvaguarda do patrimônio cultural, como o Iphan e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), e outros parceiros, como é o caso da UFBA que vem atuando na implantação de políticas de gestão integradas.

Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares - adelia.soares@iphan.gov.br
Gabriela Sobral Feitosa - gabriela.feitosa@iphan.gov.br
(61) 2024-5461 / 2024-5463/ 2024-5459