sábado, 21 de junho de 2014

NOTA DE REPÚDIO: NO TERREIRO DE MARIA FALTOU OS TAMBORES DE CRIOULA DO MARANHÃO




Se devemos considerar que a FUNC avançou quando se propôs a elaborar sua programação de São João por meio de edital que selecionou as brincadeiras juninas, o mesmo não aconteceu com a distribuição dos 30 grupos de tambor de crioula na grade de programação do arraial da Maria Aragão em 2014. Se em anos anteriores se via pelo menos um tambor de crioula por noite e no dia nacional do tambor de crioula vários grupos na praça, este ano para nossa surpresa apenas alguns grupos compuseram a programa cultural do evento batizado de Terreiro da Maria. O mais contraditório é um terreiro sem tambor de crioula, mas já não sabemos o que se passa pela cabeça dos nossos atuais produtores culturais. E claro para quem acha que talvez isso não seja nada, vejamos o seguinte: muitos grupos de tambor de crioula tem as vezes a oportunidade única de mostrar o seu trabalho exatamente no São João que acontece apenas uma vez no ano. A concorrência frente a outras brincadeiras chega a ser desleal, enquanto vemos por exemplo a ascensão cada vez mais de grupos alternativos, os grupos tradicionais tanto de tambor de crioula como de boi de zabumba dependem em muito das ações do poder público já que não possuem um poder midiático e muito menos estão atrelados aos grandes padrinhos políticos coronéis da produção cultural no Maranhão. Não manter pelo menos 15 grupos na grade oficial de apresentação na Maria Aragão foi um ato de desrespeito de quem não conhece a cultura popular e o pior desconsidera que hoje o tambor de crioula é patrimônio imaterial do Brasil. Neste sentido, fazemos um pedido ao atual presidente da FUNC que reveja em sua equipe que está a fazer isso com o tambor de crioula. Caso isso continue a acontecer teremos sérios problemas em dialogar com o poder público municipal, nós não acreditamos que as mudanças venham exatamente acontecer para prejudicar os segmentos da cultura popular historicamente excluídos como o tambor de crioula. Por tudo isso, torno público aqui a minha indignação como a falta de transparência e diálogo da FUNC com o comitê gestor de salva guarda do Tambor de Crioula que este ano em momento nenhum foi chamado para dialogar e contribuir já que possui experiência, talvez assim poderíamos evitar mais este desgaste que gera na mente de muitos e muitos tambozeiros a imagem de que está em execução mais uma forma de exclusão cultural e social, afinal também temos o direito de participar da festança municipal no Terreiro da Maria Aragão. Neste sentido alertamos: Acorda Chico Gonçalves ! Acorda Prefeito! Respeitem o Tambor de Crioula do Maranhão! Respeitem a Cultura Popular!

José Antonio Pinheiro Junior (Catatau)

Tambozeiro, musico, coreiro e boiero

Professor do IFMA

Mestrando em Cultura e Sociedade na UFMA

Membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura do Brasil

Membro do Comitê de Salva Guarda do Tambor de Crioula do Maranhão

terça-feira, 10 de junho de 2014

O MARANHÃO NA TEIA DA DIVERSIDADE 2014



Os pontos de cultura do Maranhão estiveram presentes no Fórum Nacional de Pontos de Cultura em Natal, RN, durante a Teia da Diversidade, em maio passado. Foram dias muito produtivos, mas também carregados de episódios inesquecíveis.
A delegação do Maranhão ficou hospedada nos primeiros dois dias 19 e 20 em um hotel no mínimo suspeito. Descobriu-se depois que se tratava de um espaço para diversões adultas. Foi preciso fazer uma verdadeira revolução junto ao Minc para trocar de hotel. Para isso pedimos apoio das demais delegações que reforçaram nosso desejo. O intrigante é que alguns maranhenses estavam contrários a esse processo, em nome do resguardo a imagem do Estado. Lamentável, mas compreensível, foram comportamentos de quem nada conhece do movimento social e sujeitos passivos da danosa política cultural do Estado. Apesar disso fomos vitoriosos. Quase esqueço que o quarto de uma das nossas delegadas foi invadido e a mesma foi furtada.

Também ficamos perplexos com um companheiro nosso do município de Arari que foi orientado a viajar por sua própria conta que o Estado garantiria sua estadia. Coitado, ficou durante dois dias sem a certeza de um quarto para se alojar e foi preciso interferirmos para a solução do problema, e olhe que fomos acompanhados pela representação institucional do governo estadual que em alguns esqueceu de sua função enquanto serviço público.

Não foram só dias ruins, também avanços significativos foram conseguidos. O mais importante é que os ponteiros do Maranhão puderam restabelecer contato com a própria política do programa cultura viva que ha mas de quatro anos estava distante. Essa foi uma vitória da sociedade civil (os ponteiros) que quebraram a chancela cerceadora do Estado e serão agora os construtores de sua própria trajetória enquanto pontos de cultura.
Por/ Neto de Azile - Comissão Nacional de Pontos de Cultura - Colegiado Matriz Africana